O jornalismo brasileiro perdeu uma de suas figuras mais importantes na última sexta-feira, 28 de novembro de 2025. Edgard Catoira faleceu no Rio de Janeiro aos 81 anos, deixando um legado marcante na imprensa nacional.
Carreira no jornalismo e fundação da VEJA
Edgard Catoira integrou a primeira equipe da revista VEJA em 1968, convidado pessoalmente por Mino Carta, que era então diretor de redação da publicação. Sua contribuição foi fundamental desde os primeiros momentos, sendo o profissional responsável por operacionalizar a primeira capa da revista, que trazia a imagem da foice e do martelo em 11 de setembro daquele ano.
Anos mais tarde, ele aceitaria outro desafio significativo em sua carreira: inaugurar e comandar a sucursal de Salvador da VEJA. Foi nessa cidade que conheceu Lu, que se tornaria sua esposa e companheira de vida.
Coragem durante a ditadura militar
Um dos momentos mais dramáticos e corajosos da vida de Catoira ocorreu em 25 de outubro de 1975, durante o regime militar. Na noite em que morria o jornalista Vladimir Herzog, Edgard abriu as portas de sua casa em São Paulo para abrigar diversos opositores da ditadura.
Entre os protegidos estava seu próprio cunhado, Mino Carta. Enquanto recebia telefonemas de militares e participava de negociações contra o sistema, Catoira demonstrava preocupação com a segurança de sua família. Ele protegia seus dois filhos pequenos - Luisa, de três anos, e Pedro, de apenas dois meses.
Em meio à tensão, ele chegou a declarar: "Eu não quero que minha casa vire um aparelho", revelando seu temor sobre quanto resistiria sob tortura caso fosse descoberto.
Legado familiar e profissional
O jornalismo parece correr nas veias da família Catoira. Ele era avô do jornalista Victor Irajá, que atualmente trabalha na CNN Brasil e que, anos antes, passou por várias funções na revista VEJA - incluindo estagiário, repórter e editor do Radar Econômico.
Victor compartilhava com o avô não apenas a profissão, mas também o entusiasmo pelo jornalismo econômico, lendo avidamente as mesmas publicações que Edgard ajudou a construir desde o início.
A trajetória de Edgard Catoira permanece como testemunho de coragem, integridade profissional e compromisso com a verdade em um dos períodos mais sombrios da história recente do Brasil. Sua contribuição para o jornalismo nacional continua inspirando novas gerações de profissionais.