Aos 46 anos, morre o ator James Ransone, de 'The Wire' e 'IT'
Ator James Ransone, de 'The Wire' e 'IT', morre aos 46 anos

O mundo do entretenimento perdeu uma de suas figuras mais intensas e autênticas. O ator James Ransone, reconhecido por seus papéis marcantes na aclamada série The Wire e na franquia de terror IT, faleceu na última sexta-feira, 19 de dezembro. Ele tinha 46 anos.

Circunstâncias da morte e carreira inicial

Segundo informações do site de celebridades TMZ, o Departamento de Polícia de Los Angeles atendeu a uma ocorrência em uma residência. Os agentes concluíram um relatório de investigação da morte e não suspeitaram da prática de um crime. A notícia chocou fãs e colegas de profissão.

Ransone construiu uma carreira sólida, muitas vezes em papéis secundários, mas com uma presença inesquecível. Sua grande oportunidade veio quando interpretou o complexo Ziggy Sobotka na segunda temporada de The Wire, série da HBO considerada uma das melhores da história da televisão. Anos mais tarde, em 2019, ele ganhou notoriedade mundial ao dar vida ao adulto Eddie Kaspbrak em IT - Capítulo Dois, produção da Warner Bros. Pictures.

Um artista dedicado e autocrítico

Em uma entrevista ao jornal The Guardian, em 2009, Ransone foi descrito como um profissional que se entregava completamente aos seus projetos. Durante as filmagens de Generation Kill, minissérie sobre a Guerra do Iraque, enquanto outros atores relaxavam, ele se juntava a consultores militares para explorar o terreno e mergulhar na realidade dos personagens.

O perfil do jornal britânico o definia como "um dos atores mais francos e autocríticos que se pode imaginar". Ele era conhecido por temer clichês, por seu trabalho árduo e por um certo distanciamento do círculo social de Hollywood. Quando fez o teste para Ziggy Sobotka, um personagem que considerava "doce, impulsivo e profundamente tolo", acreditou que seu sotaque nativo de Baltimore poderia ser uma vantagem.

Reflexões sobre o sucesso e o legado

O ator, que se formou em artes plásticas em 1997 após estudar teatro no Carver Center for Arts and Technology, em Maryland, tinha uma visão peculiar sobre o reconhecimento. Em entrevista, ele confessou não ter ideia de que The Wire seria elevada ao status de obra-prima. "Você pode pensar que isso alimenta meu ego, mas me deixa morrendo de medo, tipo, 'Oh, eu atingi meu auge'", disse.

James Ransone traçava um paralelo curioso com figuras como Van Gogh e o músico Nick Drake, artistas cujo valor pleno só foi reconhecido postumamente. "Para mim, isso significa que vou morrer em um antro de ópio", brincou, em uma declaração que revelava seu humor ácido e sua perspectiva singular sobre a fama e a arte.

Sua morte precoce, aos 46 anos, interrompeu a trajetória de um talento singular, deixando para trás um legado de performances visceralmente honestas que marcaram a cultura pop das últimas duas décadas.