O ator Antonio Fagundes, um dos grandes nomes da teledramaturgia brasileira, segue em alta aos 75 anos. Galã de novelas históricas, ele agora também brilha no universo do streaming e mantém conversas para um possível retorno à TV Globo, emissora da qual se desligou em 2020. Em entrevista à coluna GENTE, o artista revelou detalhes sobre essa negociação, sua carreira multifacetada e deu sua visão sobre o mercado audiovisual atual.
Negociação com a Globo e crítica à emissora
Antonio Fagundes confirmou que já aceitou um convite do autor Walcyr Carrasco para integrar o elenco da novela Quem Ama, Cuida, prevista para 2026. No entanto, ele ressalta que ainda há detalhes a serem acertados com a direção da Globo. O ator foi direto ao criticar o andamento das tratativas: "Acho que eles colocaram a carroça diante do burro", declarou.
A saída da emissora, em 2020, ainda é um ponto sensível. Fagundes explicou que o motivo foi uma quebra de contrato por parte da Globo. "A minha razão foi porque eles quebraram o acordo que mantive durante 44 anos. Eu gravava nas segundas, terças e quartas, já que nunca parei de fazer teatro. Quando a Globo não quis mais, eu saí", contou. Para um retorno, esse acordo de flexibilidade de gravações precisa ser, segundo ele, restabelecido.
Sucesso no streaming e amor pela TV aberta
Enquanto as conversas com a Globo evoluem, Fagundes colhe os frutos de seu trabalho na série Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, da HBO Max. Na produção, ele interpreta o jurista Evandro Lins e Silva com uma caracterização tão fiel que surpreendeu até o próprio ator. "Ouvir que as pessoas não me reconheceram foi prazeroso, porque significa que o personagem está à frente", comemorou.
Apesar do sucesso nas plataformas digitais, o veterano defende com vigor a relevância da TV aberta. Ele critica a forma como a audiência é medida hoje. "Quando dizem que um programa com 30 pontos de audiência é 'baixo', estão fazendo a conta errada. Trinta pontos do Ibope equivalem a cerca de 60 milhões de pessoas. Nenhum streaming, nem nos Estados Unidos, chega a isso", argumentou. Para ele, mesmo com mudanças de hábito, um produto da TV aberta ainda atinge de 40 a 50 milhões de espectadores, um alcance inigualável.
Visão sobre a carreira e a cultura no Brasil
Com uma trajetória que inclui mais de 50 longas-metragens, cerca de 40 peças de teatro e dezenas de novelas e séries, Antonio Fagundes afirma que o que o move é o prazer de "brincar" e se transformar. Atualmente, ele está em cartaz em Portugal com a peça Dois de Nós, que chega a São Paulo em janeiro de 2026.
Questionado sobre o cenário político e cultural do país, o ator foi enfático. "O problema do Brasil é que a cultura nunca foi prioridade. De 1500 para cá, nenhum governo se preocupou seriamente com isso. Sem cultura, o país rema para trás". Ele usou sua experiência em Portugal como exemplo, onde as telenovelas brasileiras são celebradas, ao contrário do preconceito que, segundo ele, ainda existe no Brasil.
Sobre temas atuais, como a discussão sobre "atores influenciadores", Fagundes adotou um discurso aberto. "O mercado seleciona. Se um influenciador for bom ator, será talvez um novo Paulo Autran. Que seja bem-vindo", concluiu, demonstrando que, aos 75 anos, sua carreira e seu pensamento continuam em constante renovação.
