Nação Rubro-Negra toma conta do Centro do Rio
Uma maré vermelha e preta invadiu o Centro do Rio de Janeiro neste domingo, 30 de novembro de 2025. Centenas de milhares de torcedores do Flamengo se reuniram para celebrar o tetracampeonato da Copa Libertadores da América, conquistado no dia anterior no Estádio Monumental de Lima, no Peru.
Os jogadores, montados em um caminhão aberto do Corpo de Bombeiros, receberam o carinho da Nação Rubro-Negra - como a torcida flamenguista se autointitula. A Rua Primeiro de Março e a Avenida Presidente Antônio Carlos, duas das principais vias da região central, ficaram completamente tomadas pela festa.
Histórias que emocionam
Repórteres da Agência Brasil registraram depoimentos emocionantes de torcedores que enfrentaram horas de espera sob o sol forte. O casal Eduardo Ferreira Henrique e Valéria Nunes Domingos, moradores do Cosme Velho, viveu um final de semana de comemoração dupla.
"Ontem tivemos duas vitórias", vibrou Eduardo. "Minha esposa estava com suspeita de câncer, deu resultado negativo; e a vitória do Mengão. Foi um dia maravilhoso, sensacional!"
Para Valéria, conquistas como a do Flamengo são motivação para manter o sorriso no rosto mesmo diante das dificuldades da vida. O casal também destacou a união proporcionada pelo futebol, onde todos se abraçam e compartilham a felicidade coletiva.
Paixão que une gerações
Andressa Vitória saiu de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, enfrentando quase duas horas de viagem para participar da celebração. Ela chegou por volta das 9h da manhã, mais de três horas antes da passagem dos jogadores.
"Ainda mais para quem tem uma crise de ansiedade", revelou sobre a emoção da vitória. Para ela, o futebol tem o poder de transformar desconhecidos em família, criando laços em bares e estádios por todo o país.
Eusebio Carlos Andre fez uma viagem ainda mais longa - 170 quilômetros saindo de Resende, no sul do estado. Otimista, ele já havia se programado para estar na capital caso o título fosse conquistado.
"O Flamengo ganhando deixa o pai de família feliz, todo mundo feliz", afirmou. "O cara feliz no trabalho, feliz no amor, feliz com o filho."
Tradição que passa de pai para filho
Maurício Braz e Flávia Torres saíram de Magé com um dos torcedores mais jovens da festa: João Vicente, de apenas 9 meses. O pai explicou orgulhoso a tradição familiar rubro-negra.
"É algo que passa de pai para filho", disse enquanto apontava para a camisa do bebê. "Igual aqui, essa camisa eu guardo desde novembro de 1995. Estou passando para ele aqui hoje com o tetra da Libertadores."
O fenômeno de massa foi analisado pelo professor aposentado Mauricio Murad, da UERJ, que em seu artigo "Futebol no Brasil: reflexões sociológicas" destaca o esporte como um dos maiores eventos da cultura de massa nacional, superando até o Carnaval em abrangência e duração.
Como bem definiu o sambista João Nogueira: "quando o Mengo perde eu não quero almoçar, eu não quero jantar". Mas neste fim de semana histórico, a Nação Rubro-Negra almoçou, jantou e dormiu feliz.