Epopeia sobre rodas: 6 mil quilômetros rumo à glória
Seis mil quilômetros por 90 minutos de jogo. Esta é a equação que motiva centenas de torcedores brasileiros a embarcarem na maior viagem de ônibus do mundo em direção à final da Copa Libertadores 2025. A decisão entre Palmeiras e Flamengo, que acontece neste sábado (29) em Lima, no Peru, mobiliza fanáticos dispostos a cruzar fronteiras em uma jornada terrestre que sai do Rio de Janeiro e passa por seis estados antes de alcançar o destino peruano.
União na estrada supera rivalidade
A Rede Amazônica acompanhou o trecho acreano desta expedição futebolística, revelando uma história de paixão que transforma adversários em companheiros de viagem. O ônibus foi estrategicamente dividido: andar inferior para palmeirenses e superior para flamenguistas. Contudo, após quase seis dias de convivência forçada nas estradas, as barreiras clubísticas foram sendo desfeitas.
O flamenguista Rafael da Silva deixou a família no Rio de Janeiro para encarar o percurso que passou por São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre antes de seguir para o Peru. "A ansiedade vai batendo, nessa reta final, mas está tranquila a viagem. O ônibus é bom, a galera gente boa, a gente vai com a torcida, brincando, vai vendo jogo na estrada, é rapidinho", avaliou o torcedor, demonstrando o espírito descontraído que predomina no grupo.
Superação e paisagens andinas
Entre os viajantes, histórias de superação chamam atenção. O palmeirense Rômulo Barale, que tem Parkinson, viajou de Brasília até Rio Branco de avião para então embarcar no ônibus rumo a Lima. "Testar meu limite aqui. De estar tremendo e as pessoas me vendo. Mas, mesmo assim, eu estou sempre mostrando que as doenças neurológicas, como o parkinson, estão muito mais na nossa mente, do que real influência física", refletiu o corajoso torcedor.
Após cruzar a fronteira com o Peru, os torcedores são presenteados com as deslumbrantes paisagens da Cordilheira dos Andes. Mas ninguém se engana: esta não é uma viagem de férias. O humor na volta dependerá inteiramente do placar final que determinará qual torcida celebrará e qual chorará durante os mais de seis mil quilômetros de retorno.
A torcedora thuane Farias, quando questionada sobre como seria a convivência no retorno caso o Flamengo perdesse, preferiu não considerar essa possibilidade: "Na minha cabeça não existe essa possibilidade [de perder], não estou pensando nela de jeito nenhum", declarou com a fé típica do torcedor apaixonado.
Esta jornada histórica demonstra que, às vezes, a viagem pode ser tão memorável quanto o destino, unindo rivais em uma experiência única que transcende as cores dos uniformes e se transforma em uma epopeia coletiva rumo à paixão nacional: o futebol.