O Grande Prêmio do Qatar da Fórmula 1 chega envolto em uma das restrições mais polêmicas da temporada: cada jogo de pneus está limitado a no máximo 25 voltas durante todo o fim de semana de corrida.
O que motivou a restrição
A decisão da Pirelli surgiu após análise dos dados da edição de 2024, que revelaram desgaste excessivo nos pneus, especialmente no dianteiro esquerdo. O problema é causado pela alta energia lateral exigida pelo traçado do circuito de Losail.
Diante do cenário preocupante, a fabricante italiana julgou arriscado permitir stints longos, mesmo utilizando os compostos mais duros de sua gama (C1, C2 e C3). A regra é clara: todas as voltas sob Safety Car ou Virtual Safety Car também são contabilizadas no limite.
Impacto direto na estratégia
Considerando que a corrida principal tem 57 voltas, a consequência imediata é matemática: todos os pilotos terão que fazer no mínimo duas paradas nos boxes. A regra praticamente elimina a possibilidade de um stint "longo e controlado", simplificando teoricamente as opções estratégicas.
Quem optar por usar os pneus até o limite máximo de 25 voltas será obrigado a parar, reduzindo significativamente as chances de undercut, overcut ou variações estratégicas mais ousadas. Em tese, equipes com melhor ritmo usando compostos duros ou médios saem com vantagem.
Possíveis cenários para a corrida
Cenário Conservador: Médio → Médio → Macio
Esta estratégia típica prioriza controle, ritmo sólido e minimização de riscos. A McLaren, que vem se destacando pela eficiência em stint médio e cuidado natural com o desgaste dos pneus, pode ser a grande beneficiária.
O plano envolve dois stints bem administrados com pneus médios (C2), aproveitando aderência equilibrada e previsibilidade. O fechamento com pneus macios garante mais ritmo no final com o carro mais leve. O principal risco é ficar preso atrás de carros mais lentos no primeiro stint.
Cenário Agressivo: Macio → Médio → Médio
Esta abordagem parece escrita no DNA da Red Bull de Max Verstappen: ousadia, ritmo forte e leitura precisa do momento de atacar. O início com pneus macios pode proporcionar ganho imediato de posições na largada.
A jogada principal é um primeiro stint curto (12-15 voltas), seguido de retorno com pista limpa para tentar o undercut duplo. Se a corrida correr sem Safety Car, este estilo agressivo pode ser decisivo. O risco é voltar à pista e ficar preso em um trem de DRS com carros ainda usando pneus médios.
Considerando o histórico recente e as características da pista, o cenário conservador tende a prevalecer, mas o agressivo deve aparecer como carta na manga para equipes que precisarem de uma solução alternativa.