Impedimento semiautomático chega ao Brasil em 2026 com tecnologia da Premier League
Impedimento semiautomático no Brasil em 2026

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou uma mudança tecnológica significativa para o futebol nacional: a implementação do sistema de impedimento semiautomático a partir de 2026. A tecnologia será fornecida pela Genius Sports, mesma empresa que atua na Premier League inglesa, trazendo expertise internacional para os gramados brasileiros.

Como funcionará a tecnologia no Brasil

O sistema, conhecido como SAOT (Semi-Automatic Offside Technology), opera através de 28 a 32 aparelhos iPhone que capturam imagens em qualidade 4K a 100 quadros por segundo. Esses dispositivos são estrategicamente posicionados em diferentes ângulos pelo estádio para garantir cobertura completa das jogadas.

As imagens capturadas são enviadas para a nuvem através de um sistema de inteligência artificial, depois direcionadas para o aplicativo SAOT e finalmente recebidas no centro de replay localizado no Rio de Janeiro. A tela com as imagens é conectada ao sistema VAR através de cabos, permitindo que os operadores visualizem lances ajustados de impedimento.

Precisão e inovação tecnológica

Segundo Harry Lennard, ex-assistente de arbitragem da Premier League e atual diretor de arbitragem da Genius Sports, o sistema possui altíssima precisão. "Parte do sistema é automatizada", explica Lennard. "O sistema seleciona automaticamente o defensor, o segundo defensor mais recuado, o atacante e o momento do chute na bola."

A tecnologia dispensa o uso de chip de rastreamento na bola devido à qualidade das imagens. "Filmamos com uma resolução tão boa que geralmente podemos ver o momento exato em que a bola foi tocada", complementa o especialista.

Evolução do rastreamento no futebol

Lennard detalhou a evolução dos sistemas de rastreamento ao longo dos anos. O primeiro método foi o rastreamento do centro de massa, seguido pelo rastreamento esquelético que monitora 29 pontos do corpo. A tecnologia atual, chamada rastreamento de malha (mesh tracking), cria uma espécie de "tela de alambrado virtual" que cobre todo o corpo do jogador, resultando em milhares de pontos de dados para cada atleta.

A Genius Sports já atua na Premier League, Belgian Pro League, Liga MX e nas finais da Conmebol, expandindo agora para o Brasil.

Adaptação aos estádios brasileiros

Um aspecto crucial da implementação será a adaptação aos diferentes estádios brasileiros. "Cada estádio é ligeiramente diferente", explica Lennard. "Inspecionamos cada estádio para entender onde instalar as câmeras."

O sistema requer uma largura de banda de aproximadamente 700 megabytes por segundo em todos os estádios. A empresa garante que não há estádio no mundo que os tenha "derrotado", citando exemplos desde Wembley (90.000 lugares) até estádios menores como o do Bournemouth (11.000 pessoas).

Impacto no jogo e na arbitragem

Como ex-assistente de arbitragem, Lennard enfatiza a importância da tecnologia para o jogo moderno. "O jogo mudou tanto que agora é mais rápido, mais veloz, mais difícil", reflete. "Para acertar o impedimento todas as vezes, você vai precisar de um pouco de suporte."

Um dos benefícios destacados é a restauração do fluxo natural de informações. "As pessoas que precisam saber primeiro devem ser os jogadores e os árbitros", afirma Lennard. "Nosso sistema consegue informar os árbitros, e então os jogadores primeiro, e só depois a imagem é enviada às emissoras."

Além do Campeonato Brasileiro Série A, a Federação Paulista de Futebol (FPF) também negocia a implementação da tecnologia no estadual de São Paulo, embora ainda sem confirmação oficial.

A chegada do impedimento semiautomático representa um marco na modernização do futebol brasileiro, alinhando o país com as principais ligas mundiais e prometendo decisões mais rápidas e precisas em lances cruciais de impedimento.