As defesas de Hugo Souza nos pênaltis contra o Cruzeiro não apenas garantiram a vaga do Corinthians na final da Copa do Brasil, mas também acenderam uma chama no caminho do goleiro rumo a um sonho pessoal: a idolatria no Parque São Jorge. Em um momento decisivo de sua carreira, com o interesse do Milan pairando no ar, o arqueiro vive o dilema entre consolidar seu legado no clube ou buscar novos ares no futebol europeu.
Intuição e fé acima das estatísticas
Apesar de ter em mãos uma análise detalhada dos cobradores do Cruzeiro, Hugo Souza decidiu confiar no instinto quando enfrentou Gabriel Barbosa, o Gabigol, na disputa de pênaltis. Uma cobrança que, se convertida, eliminaria o Timão da competição. A decisão veio de um conhecimento íntimo do adversário, construído desde os tempos de companheiros no Flamengo.
"Nos meus estudos, preferi nem olhar os pênaltis do Gabriel. É um cara que conheço há anos", revelou o goleiro. "Treinamos juntos desde 2019 e sempre batíamos pênaltis. Se tem alguém que já defendeu pênaltis dele no treino, fui eu. Por isso fui no feeling", completou, explicando que mudou sua estratégia no último segundo e acertou.
Uma profecia que se cumpriu em campo
A autoconfiança de Hugo era tamanha que, antes mesmo do início da série de penalidades, ele fez uma promessa ousada aos companheiros de equipe. "Na roda após o jogo, falei para baterem tranquilos porque eu pegaria dois. Não é soberba, é autoconfiança. Profetizei sobre a minha própria vida", declarou.
Essa segurança, segundo ele, tem raízes profundas em sua fé. Criado em um lar cristão, com a mãe pastora, Hugo Souza atribui seus feitos a uma força maior. "Entendo que tudo o que acontece na minha vida, de bom ou ruim, é permissão de Deus", afirmou. Ele citou a passagem bíblica "Jesus está no barco" como sua fonte de inspiração para enfrentar qualquer tempestade, dentro ou fora das quatro linhas.
O peso da comparação com um ídolo eterno
A atuação heróica de Hugo ganhou contornos ainda mais épicos por ter acontecido em um duelo direto com Cássio, goleiro do Cruzeiro e um dos maiores ídolos da história corintiana. Dono de recordes no clube, incluindo 32 defesas de pênaltis, Cássio viu de perto o sucessor em potencial brilhar.
Em pouco mais de um ano vestindo a camisa alvinegra, Hugo Souza já defendeu dez cobranças de pênalti, números que inevitavelmente alimentam comparações. O próprio goleiro, no entanto, pede cautela. "Tem que respeitar muito a história do Cássio. Ele é um cara fenomenal. Estou muito feliz com o meu momento e construindo a minha história. Não quero ser comparado a ninguém", disse Hugo, afirmando seu desejo de ser lembrado por sua própria trajetória.
Do outro lado, Cássio foi magnânimo e elogiou o colega de profissão. "Tive contato com o Hugo desde a época do Flamengo. É um cara extremamente bacana. Torço muito por ele e espero que quebre todos os meus recordes no Corinthians", declarou o ídolo, passando o bastão com elegância.
A caminho do tetra
Com a classificação garantida, o Corinthians está a dois jogos de conquistar a Copa do Brasil pela quarta vez em sua história. O adversário na final será o Vasco da Gama. O jogo de ida está marcado para esta quarta-feira, na Neo Química Arena, em São Paulo. A partida decisiva de volta acontecerá no domingo, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
A final corintiana, somada à classificação do Vasco, que superou o Fluminense, frustrou os planos do São Paulo de garantir uma vaga na Libertadores através do torneio nacional.