Comércio centenário no interior de SP: histórias que resistem ao tempo e encantam gerações
Comércios centenários no interior de SP: histórias que encantam

No meio da correria dos tempos modernos, onde lojas fecham antes mesmo de completarem cinco anos, algumas resistem como verdadeiras relíquias. No interior de São Paulo, não é difícil encontrar comércios que já viram o século passar — e continuam firmes, com histórias que parecem saídas de um filme antigo.

Pense bem: quantas vezes você entrou num lugar e sentiu aquele cheiro de "tempo"? Madeira envelhecida, balcões gastos pelo uso, prateleiras que já viram de tudo. Esses estabelecimentos são mais que pontos de venda — são memórias vivas da cidade.

Da venda de secos e molhados ao delivery: a evolução que não apaga as raízes

Na região de Itapetininga, por exemplo, tem casa comercial que começou quando o café ainda era a riqueza do Brasil. "Meu bisavô abriu as portas em 1912", conta João da Silva (nome fictício pra preservar a magia), dono de uma mercearia que já foi ponto de encontro dos barões do café. "Naquela época, a gente vendia de tudo — até tecido pra roupa e ferramentas pra roça."

Hoje, a loja mantém a fachada original — aquelas portas altas de madeira que rangem feito personagem de terror — mas já aceita Pix. "Se o velho visse isso...", ri o comerciante, enquanto arruma pacotes de biscoito que parecem os mesmos de 50 anos atrás.

O segredo? "É tratar o freguês como visita em casa"

Numa época em que o "atendimento personalizado" virou jargão de rede social, esses comerciantes fazem isso naturalmente. Dona Maria (outro nome fictício, porque histórias boas merecem proteção), dona de uma padaria que já alimentou três gerações, nem precisa perguntar o pedido dos clientes antigos. "O seu José sempre leva dois pães franceses e um doce de leite — desde que eu me entendo por gente."

E não pense que são negócios parados no tempo. Muitos incorporaram novidades sem perder a essência. A mercearia do João, por exemplo, tem até Instagram — mas as fotos são tiradas na mesma balança de 1920 que ainda funciona perfeitamente.

Dia do Comerciante: mais que data no calendário

Neste 16 de julho, enquanto grandes redes fazem promoções relâmpago, esses estabelecimentos celebram à sua maneira. Alguns com descontos simbólicos — "10% pra quem souber o nome do meu bisavô", brinca um dono de armazém. Outros simplesmente abrem as portas como fazem há 80 anos, com o mesmo café coado no pano pra quem quiser bater papo.

Num mundo de shoppings e marketplaces, esses comércios são como ilhas de resistência. E o mais incrível? Muitos já estão na quarta geração da família. "Meu neto de 12 anos já fica atrás do balcão nas férias", conta uma dona de loja de tecidos, orgulhosa como se estivesse passando um tesouro adiante. E talvez esteja.