A Apple TV+ acaba de lançar um documentário impactante que celebra a trajetória de atores e atrizes negros que transformaram Hollywood. Intitulado "Artistas Negros Conquistam Hollywood", a produção chega como um antídoto contra a negatividade atual, segundo definição do próprio diretor Reginald Hudlin.
Uma produção dividida em duas perspectivas
O documentário foi estruturado em duas partes distintas, refletindo tanto necessidades práticas quanto escolhas estéticas. Reginald Hudlin assumiu a direção da primeira metade, focada nos homens, enquanto Shola Lynch ficou responsável pela segunda parte, dedicada às mulheres.
"É como se fossem dois lados da mesma moeda", explica Lynch, conhecida por seus trabalhos sobre Shirley Chisholm e pelo documentário "Libertem Angela Davis".
Histórias de superação e resistência
A primeira parte apresenta nomes consagrados como Morgan Freeman, Denzel Washington e Michael B. Jordan. Hudlin buscou intencionalmente homens de diferentes gerações, origens e estilos de interpretação, incluindo americanos e britânicos.
Já a segunda metade reúne 17 atrizes, entre elas Viola Davis, Gabrielle Union e Alfre Woodard - todas protagonistas de suas carreiras e muitas delas indicadas ao Oscar. Lynch desenvolveu uma metáfora visual para guiar sua abordagem: "É como uma caixa de chocolates, colorida e lindamente embrulhada. Você abre e há todos esses doces diferentes, do branco ao amargo. Todos têm coisas diferentes dentro".
Relatos pessoais que emocionam
As histórias pessoais revelam os desafios enfrentados pelos artistas. Whoopi Goldberg compartilha sua resiliência ao enfrentar rejeições para papéis originalmente concebidos para mulheres brancas e loiras.
Vivica A. Fox lembra os desafios técnicos durante as filmagens de "Independence Day" em 1996, quando seu cabelo foi danificado pela falta de profissionais qualificados para lidar com texturas cacheadas e crespas. Já Nia Long revelou que passou a cuidar de sua própria maquiagem como forma de autopreservação.
O filme também aborda as conquistas nos principais troféus da indústria, celebrando momentos históricos como o de Halle Berry, primeira mulher negra a vencer o Oscar de melhor atriz em 2002 por "A Última Ceia". Simultaneamente, aponta oportunidades perdidas de outras talentosas atrizes como Angela Bassett, Viola Davis e Cynthia Erivo.
Marcos históricos e perspectivas futuras
A parte masculina mapeia importantes marcos, incluindo o pioneirismo de Eddie Murphy nos anos 1980, a internacionalização da carreira de Will Smith e os talentos emergentes como Michael B. Jordan - simultaneamente ator e ativista e uma das estrelas do já histórico "Pantera Negra" da Marvel.
"A coisa mais importante é que todos foram muito honestos sobre si, suas carreiras e a indústria", afirma Hudlin. Para ele, o documentário transcende questões raciais para abordar temas universais sobre superação e equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
O diretor acredita que o streaming tem se mostrado um caminho promissor para transformação, mas que mudanças mais profundas dependem da resposta da indústria como um todo. Ele defende que o momento atual exige inovação e coragem criativa, qualidades evidentes em sucessos recentes como "Pecadores", o terror de Ryan Coogler que causou alvoroço em Hollywood quando estreou em abril deste ano.
Shola Lynch resume a essência do documentário: "A genialidade desses artistas foi encontrar seu caminho para estar no mais alto nível de uma indústria que não é feita para elas. É difícil para pessoas [brancas] acostumadas a serem sempre o centro da história terem sua narrativa tirada de lugar".
O documentário "Artistas Negros Conquistam Hollywood" está disponível exclusivamente na Apple TV+ com classificação indicativa de 16 anos.