
Numa cena que parecia saída de um filme, a Praia de Geribá, em Búzios, virou palco de um drama ambiental nesta quinta-feira (14). Cerca de 20 golfinhos — esses seres graciosos que normalmente encantam turistas com seus saltos no mar — foram encontrados desesperadamente tentando sobreviver na areia.
Quem passava por ali no início da manhã nem acreditava. "Parecia um pesadelo", contou Maria do Carmo, dona de uma barraca de praia que acionou os bombeiros. "Eles estavam se debatendo, claramente assustados. Nunca vi nada igual nos meus 20 anos trabalhando aqui."
Corrida contra o tempo
O que se seguiu foi uma verdadeira operação de guerra. Biólogos marinhos, bombeiros e até pescadores locais — gente que conhece o mar como a palma da mão — se uniram numa força-tarefa improvisada. Enquanto uns mantinham os animais úmidos com baldes d'água, outros cavavam valas para facilitar o retorno ao mar.
"É uma situação delicada", explicou o biólogo Marcelo Carvalho, suando a camisa. "Cada minuto conta. O peso do próprio corpo pode esmagar seus órgãos internos fora da água."
Solidariedade que emociona
O que mais chamou atenção foi a mobilização espontânea. Turistas abandonaram seus guarda-sóis para ajudar. Crianças corriam com toalhas molhadas. Até um grupo de surfistas usou suas pranchas como macas improvisadas.
"Quando vi aquela cena, não pensei duas vezes", disse João Pedro, estudante de biologia que estava de férias. "Deixei minha câmera na areia e fui ajudar. Algumas coisas são mais importantes que fotos para o Instagram."
Mistério no ar
Ainda não se sabe o que levou os golfinhos a encalhar. Especialistas cogitam desde desorientação por poluição sonora até mudanças nas correntes marinhas. "Pode ser um sinal de alerta", comentou a oceanógrafa Luana Mendes, enquanto examinava um dos animais. "O oceano está nos mandando mensagens. Precisamos aprender a ouvir."
Por volta das 15h, após horas de esforço exaustivo, o milagre aconteceu: os últimos golfinhos conseguiram retornar às águas profundas. Uma onda de aplausos tomou conta da praia — mas os especialistas alertam: o monitoramento continuará nos próximos dias.
"Esses animais são como sentinelas do mar", refletiu o pescador Antônio, de 62 anos, limpando as mãos na calça. "Quando algo vai mal com eles, é porque o problema é sério. Tomara que a gente aprenda a lição."