
Era pra ser um casamento perfeito entre o poder público e quem batalha pela vida dos bichos, mas virou um verdadeiro cabo de guerra. O Centro de Recuperação de Animais Silvestres (CRAS) de Itu, no interior de São Paulo, decidiu lavar as mãos do contrato com a prefeitura. Motivo? Dinheiro que não chegava — e a paciência que se esgotou.
"A gente não é ONG de fundo de quintal", desabafa um funcionário que preferiu não se identificar. Segundo ele, os repasses municipais estão atrasados desde o carnaval, e o prejuízo já passa dos R$ 150 mil. Nem o aluguel do espaço está em dia.
E agora, José?
Com 83 animais sob cuidados — entre saguis, corujas e até um gambá que virou celebridade local —, a situação virou um quebra-cabeça:
- Sem verba, os tratadores estão usando vaquinhas virtuais para comprar ração
- Medicações essenciais estão no modo "quem sabe um dia"
- Dois funcionários pediram demissão na semana passada
Do outro lado, a prefeitura jura de pés juntos que o problema é "fluxo de caixa". Um assessor, que falou sob condição de anonimato, garante que os pagamentos serão regularizados "até o próximo ciclo". Só não disse qual ciclo — se lunar, menstrual ou fiscal.
O jogo político
Nas redes sociais, o assunto virou pólvora. Enquanto alguns vereadores acusam a gestão de "enrolação", outros lembram que 2025 é ano eleitoral. Coincidência? O centro, que já salvou mais de 500 animais desde 2020, virou peça num tabuleiro maior.
Enquanto isso, os verdadeiros afetados — os bichos — seguem dependendo da sorte e da boa vontade de voluntários. Como aquela coruja-orelhuda que chegou com asa quebrada e agora divide frango com os gatos de rua. Ironia da vida selvagem na selva de pedra.