
O litoral catarinense ficou mais triste esta semana. Um gigante das águas — um boto-pescador de impressionantes 280 kg — foi encontrado morto na Praia do Sonho, em Imbituba. A cena, que chocou moradores e biólogos, revela um drama silencioso que acontece nos mares brasileiros.
Segundo especialistas do Projeto Toninhas/Univille, que realizaram os primeiros exames, o animal — um macho adulto — apresentava sinais claros de infecção generalizada. "Quando um boto dessa magnitude morre, é sempre um alerta", comenta um pesquisador que prefere não se identificar. "Eles são verdadeiros termômetros da saúde do ecossistema marinho."
O que levou à morte?
Os veterinários trabalham com três hipóteses principais:
- Infecção bacteriana agressiva
- Problemas no sistema imunológico
- Possível contaminação por poluentes
"Ainda é cedo para cravar", admite a bióloga marinha Juliana Leonel, enquanto examina amostras de tecido. "Mas o estado do animal sugere uma rápida deterioração da saúde."
Curiosamente, não havia marcas de redes de pesca ou traumas físicos evidentes — o que descarta, pelo menos inicialmente, a hipótese de morte por interação com atividades humanas. Mas isso não significa que estamos livres de responsabilidade.
Um alerta que vem das profundezas
Botos como esse — conhecidos cientificamente como Tursiops truncatus — vivem em média 30 anos. Encontrar um espécime morto na flor da idade (este tinha cerca de 15 anos) sempre acende luzes amarelas.
"É como se o oceano estivesse nos mandando uma mensagem", reflete um pescador local, enquanto observa o trabalho dos pesquisadores. "A gente precisa aprender a ler os sinais antes que seja tarde."
Enquanto aguardam resultados mais detalhados, os cientistas fazem um apelo: "Qualquer avistamento de animais marinhos em situação anormal deve ser imediatamente comunicado às autoridades ambientais". Afinal, cada boto conta uma história — e essa, infelizmente, terminou em ponto final.