O motorista de aplicativo Yago Madureira Vicente, de 28 anos, não resistiu aos ferimentos causados por um tiro na cabeça e morreu nesta terça-feira (11), após mais de 20 dias internado em estado gravíssimo. O jovem foi atingido durante a fuga de criminosos em uma operação policial na comunidade do Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no último dia 23 de outubro.
A tragédia que mudou uma família
Simone Madureira, mãe de Yago, desabafou sobre a perda precoce do filho, classificando o ocorrido como uma covardia. "A gente cria um filho com muito amor e carinho e vem essas pessoas e destroem a família, destroem nossos planos. O Yago nunca fez mal a ninguém, nunca teve passagem, nunca teve problema com ninguém. Ele era um ótimo filho, não é justo o que aconteceu com o meu filho", lamentou.
Durante a internação, a mãe revelou que Yago tinha medo da violência por trabalhar à noite, mas precisava complementar a renda da família. "Medo ele tinha, inclusive eu falava pra ele. Ele falava dos perigos que passava. Eu falava: 'então, Yago, por causa disso você não deve trabalhar à noite'. Mas ele respondia: 'Eu preciso trabalhar, mãe, pra poder ajudar nos custos e também no meu propósito'", contou Simone.
Os últimos momentos de Yago
Yago, que morava com os pais e queria fazer concurso público, trabalhava como motorista de aplicativo havia três anos. No dia do crime, ele levava um passageiro de Nova Iguaçu para Belford Roxo quando se deparou com criminosos fugindo de uma ação da Polícia Militar.
O passageiro relatou que, ao chegarem em Belford Roxo, próximo à Cedae, Yago comentou que homens em uma moto pareciam suspeitos. "Foi nesse momento que eu levantei a cabeça para poder ver o que estava acontecendo", contou o homem, que preferiu não se identificar.
Segundo o relato, quando Yago percebeu que uma das motos havia parado, já havia engatado a marcha à ré. Foi quando os disparos começaram. "Foi tudo muito rápido. E quando veio disparo, ele já estava engatado na marcha ré. Ele já perdeu o controle porque uma bala bateu na cabeça dele e aí a gente bateu no poste."
Operação policial e prisões
Dois suspeitos que estavam em uma moto e atiraram contra o motorista foram presos. Um deles, Henrique Pereira da Costa, é apontado como um dos chefes do tráfico na comunidade do Castelar. Com os suspeitos, a polícia apreendeu duas motos e uma quantidade de drogas.
A ação policial tinha como objetivo combater o tráfico de drogas na região da Baixada Fluminense, mas terminou vitimando um trabalhador que apenas cumpria seu ofício.
O corpo de Yago será sepultado nesta quinta-feira (13) no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A tragédia levanta novamente o debate sobre a violência urbana e os riscos enfrentados por profissionais que trabalham nas ruas, especialmente durante a noite.