
A noite de segunda-feira, 25 de agosto, não terminou em paz para os moradores de um trecho da Avenida Governador Portela, no centro de Nova Iguaçu. Por volta das 22h30, o silêncio habitual foi quebrado por estampidos secos e consecutivos — não fogos de artifício, mas o som sinistro de tiros que ecoou pela região.
Testemunhas, ainda sob o impacto do susto, contaram à polícia que viram dois indivíduos em uma motocicleta se aproximando de um homem que caminhava sozinho. O que parecia ser mais um cenário cotidiano transformou-se rapidamente em uma cena de terror. Os motociclistas, sem trocar uma única palavra, efetuaram diversos disparos contra o pedestre.
A ação foi rápida, precisa e brutal. Após o ataque, os criminosos desapareceram na escuridão, deixando para trás o corpo da vítima caído na calçada. A perícia técnica do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) esteve no local para coletar evidências. E não foram poucas: pelo menos dez cápsulas de calibre 9mm foram encontradas espalhadas pelo chão, um testemunho mudo da violência extrema que foi empregada.
Quem era a vítima?
Eis a pergunta que paira no ar e que nem a polícia conseguiu responder ainda. O homem morto, que aparentava ter por volta de 35 anos, não portava documentos. Sem uma identidade, ele se torna mais uma estatística anônima na longa lista da violência na Baixada. Sua aparência e vestimentas foram encaminhadas para o Instituto Médico-Legal (IML), na esperança de que alguém reconheça o descritivo e ajude a dar um nome a essa história trágica.
O que leva um indivíduo a ser executado de forma tão violenta? Briga entre facções? Acerto de contas? Ou foi um assalto que saiu drasticamente do controle? As possibilidades são várias, e os investigadores do 15º DP (Nova Iguaçu) trabalham com todas elas. Eles estão vasculhando câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais próximos — qualquer detalhe, por menor que seja, pode ser a peça que falta neste quebra-cabeça macabro.
O que dizem as autoridades?
Até o momento, a Secretaria de Estado de Polícia Civil não emitiu um comunicado oficial detalhando desdobramentos. O silêncio, porém, é sempre ensurdecedor em casos assim. A população local, acostumada a conviver com a tensão, reage com uma mistura de resignação e medo. "A gente ouve tiro todo dia, doutor. Infelizmente, já virou rotina", desabafou um comerciante da região que preferiu não se identificar, com a voz carregada de uma tristeza que já parece fadiga.
Enquanto a motivação exata do crime permanece um mistério, uma coisa é certa: mais uma família em algum lugar do Brasil vai receber a notícia mais devastadora que existe. E Nova Iguaçu, mais uma vez, chora a perda de mais uma vida para a violência que teima em não dar trégua.