
A noite de sexta-feira, que prometia ser de descanso para muitos, transformou-se em pesadelo num beco do bairro de São Cristóvão. Dois jovens — rapazes que mal haviam completado 18 e 22 anos — caíram vítimas de uma execução sumária. A cena era digna de filme de terror: corpos estirados no chão, cercados por dezenas de cápsulas de bala que testemunhavam a fúria dos atiradores.
Segundo informações que chegaram de forma truncada — como sempre acontece nesses casos — os tiros ecoaram por volta das 22h30. Os vizinhos, aqueles que sofrem diariamente com a violência que insiste em assombrar a cidade, relataram ter ouvido uma sequência interminável de disparos. "Parecia foguetório, mas a gente sabe diferenciar", contou um morador que preferiu não se identificar, o medo estampado no rosto.
O que se sabe até agora
A Polícia Militar chegou ao local após múltiplos chamados desesperados. Encontraram os dois jovens já sem vida. A cena era tão caótica que até para os próprios policiais, acostumados com a violência urbana, causou impacto. As vítimas, cujas identidades ainda não foram totalmente confirmadas, apresentavam múltiplos ferimentos por projéteis de arma de fogo.
Os peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) trabalharam no local até altas horas da madrugada. Recolheram provas, fizeram fotografias, mediram distâncias — o ritual macabro que se repete a cada nova tragédia. As cápsulas encontradas no chão sugerem o uso de mais de uma arma, o que indica que os assassinos podem ter agido em grupo.
O silêncio que fala mais alto
O que mais impressiona — e ao mesmo tempo desanima — é o silêncio que se instala depois. As testemunhas, quando existem, temem represálias. As informações escorrem entre os dedos. A polícia segue investigando, mas esbarra no muro de concreto do medo que cerca comunidades inteiras.
Enquanto isso, famílias choram a perda precoce de seus jovens. Dois nomes que se somam às estatísticas tristes da violência baiana. Dois futuros interrompidos brutalmente. Dois capítulos fechados de forma abrupta numa cidade que, apesar de sua beleza natural, não consegue vencer essa guerra particular contra a criminalidade.
O caso agora está nas mãos da 1ª Delegacia de Homicídios, que tenta reconstruir os últimos passos das vítimas. O que fizeram antes de serem executadas? Encontraram-se com alguém? Havia alguma ameaça prévia? Perguntas que, por enquanto, ecoam no vazio.