
Quem passa pela Avenida Teotônio Segurado em Palmas se depara com uma cena no mínimo inusitada. Lá está ela, imponente como quem chegou para ficar: uma cama de casal completa, com colchão e tudo mais, servindo de banco improvisado em um ponto de ônibus. A imagem, que mistura o absurdo com uma pitada de genialidade popular, viralizou nas redes sociais essa semana.
Mas o que parece piada de mau gosto é, na verdade, o retrato de um problema crônico. Moradores da região contam que a cama já está ali há pelo menos dois meses — sim, você leu direito — servindo de refúgio para quem precisa esperar o transporte público sob o sol forte do cerrado.
Do descaso à solução criativa
O que mais impressiona não é apenas o abandono do móvel em si, mas como a população local acabou incorporando o objeto ao cotidiano. "No começo a gente estranhou, mas agora até agradece", confessa uma senhora que prefere não se identificar. "Melhor sentar na cama do que no chão quente ou ficar em pé por meia hora".
A situação revela aquela velha máxima brasileira: onde o poder público falha, a criatividade popular dá um jeito. E olha que esse "jeitinho" está longe de ser ideal — ninguém deveria precisar usar móvel abandonado como mobília urbana, não é mesmo?
Problema que se arrasta
Segundo relatos, a Prefeitura de Palmas teria sido notificada sobre o caso, mas até o momento a cama continua no local. É aquela história: todo mundo vê, todo mundo sabe, mas nada acontece. Enquanto isso, os usuários do transporte público seguem fazendo do limão uma limonada — ou melhor, da cama abandonada um assento.
O caso específico da Avenida Teotônio Segurado é apenas a ponta do iceberg. Quem circula pela capital tocantinense percebe que a falta de manutenção em pontos de ônibus não é exatamente uma novidade. Bancos quebrados, coberturas danificadas, lixeiras ausentes — a lista de problemas é longa.
Mas uma cama de casal? Isso sim é novidade.
O que dizem as autoridades?
A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seisp) confirmou que recebeu a denúncia e informou que "os órgãos competentes foram acionados para remover o objeto". O tradicional "já já" que todo brasileiro conhece bem.
Enquanto a burocracia gira seus engrenagens, a cama segue firme no ponto de ônibus. Virou até ponto de referência: "me busca no ponto da cama", já deve ter virado combinado entre os moradores da região.
O episódio levanta questões importantes sobre descarte irregular de móveis e a manutenção dos espaços públicos. Afinal, quantos outros "enfeites" como esse espalham-se pela cidade sem que ninguém tome providências?
Por enquanto, a cama abandonada segue cumprindo seu papel não-oficial: oferecer um pouco de conforto — ainda que improvisado — para quem depende do transporte coletivo. Uma solução paliativa que diz muito sobre como a população se vira quando o poder público demora a agir.