Julgamento Histórico: PM que Executou Jovem Negro em Supermercado Enfia Júri Popular em São Paulo
PM vai a júri por execução de jovem negro em SP

Ela espera há dois anos. Dois anos de ausência que doem no peito, dois anos de perguntas sem resposta. Dona Rosimeire, mãe de João Vitor, o jovem negro de 19 anos executado dentro de um supermercado em São Paulo, não esconde a dor. "Não tem jeito, ele não volta", desabafa, numa frase que resume toda uma vida interrompida.

Nesta quinta-feira, finalmente, o caso chega ao tribunal do júri. O policial militar acusado de cometer o crime vai enfrentar sete cidadãos comuns que decidirão seu destino. A ironia? Tudo aconteceu em plena luz do dia, diante de câmeras e testemunhas.

O que realmente aconteceu naquele dia fatídico

Era agosto de 2023 quando João Vitor entrou num supermercado da Zona Leste paulistana. O que se seguiu foi um daqueles episódios que deixam qualquer um sem ar. Segundo as imagens que correram o mundo, o PM atirou à queima-roupa no jovem, que estava algemado. Sim, você leu certo: algemado.

O policial, cujo nome permanece sob sigilo, alega legítima defesa. Mas as câmeras de segurança contam uma história diferente - uma daquelas narrativas que fazem você questionar tudo.

Uma família destruída pela violência

Rosimeire não é apenas mais uma mãe em luto. Tornou-se símbolo de resistência. "Meu filho era trabalhador, estudava", conta, a voz embargada. João Vitor deixou para trás não só sonhos, mas uma família inteira marcada pela tragédia.

O que mais corta o coração? Talvez seja saber que, segundo testemunhas, ele já estava imobilizado quando os tiros ecoaram. E cá entre nós, não é preciso ser especialista para entender que algo saiu muito errado ali.

O longo caminho até o júri

Dois anos. Parece pouco? Para quem espera por justiça, cada dia é uma eternidade. O Ministério Público não poupou esforços - o promotor Sérgio retirou-se do caso, dando lugar ao colega Rodrigo, que assumiu a acusação com determinação.

O jogo jurídico é complexo, cheio de idas e vindas. A defesa tentou de tudo - questionou provas, alegou irregularidades. Mas no fim, a Justiça entendeu que eram os cidadãos quem deveriam decidir.

E que decisão! O PM responde por homicídio qualificado - aquele tipo de crime que carrega agravantes pesados, como motivo fútil e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

O que esperar do julgamento

O tribunal do júri é sempre um espetáculo à parte. Sete pessoas comuns, com suas próprias histórias e preconceitos, decidindo o futuro de alguém. É democracia em sua forma mais pura - e assustadora.

Enquanto isso, do lado de fora, movimentos sociais prometem fazer barulho. E não é para menos - casos como este reacendem debates necessários sobre violência policial, racismo e justiça.

Rosimeire estará lá, claro. De pé, enfrentando o sistema que, espera, trará algum conforto para sua dor. "Só quero justiça", repete, como um mantra. Resta saber se o sistema ouvirá seu apelo.