
O que era pra ser mais um dia comum de trabalho terminou em tragédia. Um policial militar — que deveria proteger — tirou a vida de um inocente. E agora a Justiça cobrou o preço.
Naquele dia, o marceneiro Edson Pereira, 42 anos, voltava pra casa depois de um serviço cansativo. Carregava ferramentas, como sempre. Mas alguém viu nele o que não existia: uma ameaça.
O tiro que não devia ter saído
O PM — cujo nome a gente evita citar pra não dar ibope — jurou que agiu em legítima defesa. Só que as câmeras de segurança contaram outra história. Edson nem reagiu. Nem teve chance.
"Foi tudo tão rápido...", disse uma testemunha que preferiu não se identificar. O barulho do disparo ecoou pela rua tranquila do bairro Jardim Camburi, em Vitória. Vizinhos saíram assustados. Alguns até pensaram em fogos.
Dois anos depois, a sentença
O processo arrastou-se — como quase tudo na Justiça brasileira. Mas finalmente saiu a decisão: 12 anos de prisão, inicialmente em regime fechado. O juiz não teve dúvidas ao caracterizar homicídio doloso.
- Provas técnicas incontestáveis
- Depoimentos contraditórios do acusado
- Nenhum histórico de violência da vítima
Pra família de Edson, a condenação trouxe um alívio amargo. "Nada devolve meu filho", disse a mãe, dona Maria, com a voz embargada. Ela agora cria os dois netos órfãos.
E agora, PMs?
O caso reacendeu o debate sobre treinamento e procedimentos policiais. Especialistas apontam falhas gritantes:
- Identificação precipitada
- Uso desproporcional da força
- Falta de controle emocional
A corporação emitiu nota dizendo que "repudia o ocorrido" e que o policial será expulso. Mas será que isso basta? Nas periferias, o medo de ser o próximo "erro" continua.
Enquanto isso, as ferramentas de Edson — que deveriam construir móveis — juntam poeira numa oficina vazia. E sua família tenta reconstruir a vida sem o principal sustento.