
O tribunal deu seu veredito final. Nove anos se passaram desde aquela noite fatídica de 2016, quando a vida de um jovem estudante de direito foi interrompida brutalmente durante uma abordagem policial que deveria ser rotineira. Agora, a Justiça decidiu: quatro policiais militares e três guardas civis metropolitanos estão absolvidos das acusações de execução.
O caso, que virou notícia nacional e levantou debates acalorados sobre violência policial, finalmente chegou ao seu desfecho judicial. E que desfecho... Muitos esperavam por condenações, mas o que veio foi a absolvição de todos os sete agentes.
O que realmente aconteceu naquela noite?
A memória é traiçoeira, mas os autos do processo tentam reconstruir os fatos. Era abril de 2016, precisamente o dia 7, quando o universitário de 24 anos foi abordado na Avenida do Estado, região central da capital paulista. Segundo os agentes, ele reagiu à abordagem — e o que se seguiu foi uma tragédia anunciada.
Um único tiro. Na cabeça. Esse foi o golpe fatal que tirou a vida do jovem, que cursava direito e tinha toda uma vida pela frente. A versão oficial sempre insistiu que houve confronto, que o estudante tentou reagir e que o disparo aconteceu durante a luta corporal.
O longo caminho até a absolvição
O processo judicial foi uma verdadeira maratona. Iniciado em primeira instância, o caso percorreu diversas etapas até chegar ao Tribunal de Justiça de São Paulo. E olha que interessante: a 4ª Câmara de Direito Criminal foi quem julgou o recurso dos agentes.
Os desembargadores analisaram minuciosamente as provas — ou a falta delas, dependendo do ponto de vista. No final, prevaleceram as teses da legítima defesa e do exercício regular do direito. Basicamente, a corte entendeu que os PMs e GCMs agiram dentro do que a lei permite quando se sentem ameaçados.
Não foi uma decisão unânime, claro. Essas coisas raramente são. Um dos desembargadores até votou pela condenação, mas acabou vencido pela maioria. A vida real é assim mesmo — raramente temos consensos absolutos.
E as testemunhas? O que disseram?
Aqui mora um dos pontos mais curiosos do caso. Duas testemunhas que estavam no carro com o universitário naquela noite deram versões que, na avaliação do tribunal, não foram suficientemente sólidas para sustentar a acusação. É complicado, né? Às vezes a memória nos prega peças, especialmente em situações traumáticas.
Os agentes, por outro lado, mantiveram suas versões ao longo de todos esses anos. Sempre afirmaram que o estudante reagiu violentamente à abordagem, colocando suas vidas em risco. E o tribunal, no final, acabou dando mais crédito a essa narrativa.
É daquelas situações que nos fazem pensar: como seria se houvesse câmeras corporais na época? Será que teríamos mais clareza sobre o que realmente aconteceu?
Um caso que divide opiniões
O que me deixa pensativo é como casos como esse revelam as fissuras da nossa sociedade. De um lado, familiares e amigos clamando por justiça — afinal, um jovem perdeu a vida. De outro, agentes de segurança que juram ter agido para proteger suas próprias vidas.
Não é simples escolher um lado. A verdade — se é que existe uma única verdade — parece estar em algum lugar no meio desse turbilhão de versões e interpretações.
O que fica claro é que a Justiça falou. Pode não ser a decisão que muitos esperavam, mas é a que prevaleceu após quase uma década de tramitação. Resta agora às famílias — tanto a do estudante quanto a dos agentes — tentarem seguir em frente após esse capítulo tão doloroso.
E a gente fica aqui, refletindo sobre como a vida pode ser frágil e como a Justiça, por mais que se esforce, nem sempre consegue trazer o alívio que todos esperam.