A Polícia Civil do Rio Grande do Sul cumpriu, no último dia 26, um mandado de prisão preventiva contra um homem de 33 anos, suspeito de praticar o crime de stalking, ou perseguição, contra uma mulher. O caso, que chama a atenção pela longa duração, revela um padrão de assédio que se estendeu por cerca de dez anos.
Detalhes do caso de perseguição obsessiva
O suspeito foi detido em Porto Alegre, capital gaúcha, mesmo a vítima sendo residente do município de Gravataí, na Região Metropolitana. De acordo com as investigações conduzidas pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Gravataí, o homem mantinha um comportamento obsessivo em relação à mulher há aproximadamente uma década.
A delegada Amanda Andrade, titular da DEAM de Gravataí, detalhou que a relação era marcada por "insistentes manifestações de afeto não correspondido". Tudo começou em 2013, quando o suspeito tentou uma aproximação após conseguir o número de telefone da vítima. Desde então, ele foi sistematicamente rejeitado e ignorado, mas não desistiu de sua conduta persecutória.
Centenas de e-mails e medida protetiva
O ponto crucial para a prisão foi uma recente ocorrência registrada pela vítima. Ela relatou ter recebido mais de cem e-mails enviados pelo homem em um curto espaço de tempo. As mensagens eram descritas como bastante perturbadoras. "Iam desde diálogos inventados por ele, até mensagens com assuntos filosóficos, políticos, morais", explicou a delegada Amanda Andrade.
Em um dos e-mails, o perseguidor teria dito que iria encontrá-la em um evento que ela participaria, aumentando o temor da vítima. Este não foi um episódio isolado: a mulher já havia registrado outras ocorrências semelhantes nos anos de 2021 e 2022 e, por conta da ameaça, já possuía uma medida protetiva vigente contra o acusado.
Investigadores apuraram que, apesar de o homem e a vítima terem um amigo em comum, eles nunca mantiveram nenhum tipo de proximidade ou relacionamento. Durante o interrogatório policial, o suspeito optou por se manter em silêncio.
Como identificar e denunciar o crime de stalking
O caso serve de alerta para a gravidade do crime de perseguição, tipificado no Código Penal Brasileiro. O stalking vai além de uma importunação ocasional, configurando uma conduta repetitiva e ameaçadora que visa invadir a privacidade e causar medo.
Principais sinais de alerta para identificar um stalker:
- Envios insistentes e não solicitados de mensagens (e-mails, SMS, redes sociais).
- Monitoramento dos passos e rotinas da vítima, seja pessoalmente ou online.
- Aparições frequentes e "casuais" nos mesmos lugares que a vítima frequenta.
- Criação de perfis falsos para facilitar o contato ou o monitoramento.
- Envios de presentes ou cartas indesejados.
Diante de qualquer suspeita de perseguição, a orientação é formalizar a denúncia imediatamente. O caminho é registrar um boletim de ocorrência em qualquer delegacia, de preferência em uma Delegacia da Mulher, ou através do disque-denúncia 180. Coletar e guardar todas as evidências, como prints de telas, e-mails e registros de ligação, é fundamental para embasar a investigação policial e buscar medidas protetivas urgentes.