
O tribunal de Justiça de Rondônia se transformou num palco de dor nesta terça-feira. Dois anos se passaram, mas a ferida ainda sangra - literalmente. Lá estava ele, o sargento PM Alcir Rodrigues da Silva, de 46 anos, encarando a Justiça pelo que fez com a própria esposa.
E o que fez, você pergunta? Algo que arrepia até o mais endurecido dos seres humanos.
O crime que parou Porto Velho
Era agosto de 2023 quando Elizângela Gomes da Silva, de apenas 41 anos, simplesmente desapareceu do mapa. Sumiu. Como se a terra a tivesse engolido. A família, desesperada, vasculhou cada canto da cidade. Nada.
Até que as peças começaram a se encaixar - e quebrarem o coração de todos.
O marido, um sargento da Polícia Militar, alguém que deveria proteger, era o principal suspeito. A ironia pesa como chumbo, não pesa? A casa onde moravam no bairro Socialista se tornou o cenário do crime. Lá, numa discussão que saiu totalmente do controle, Alcir acabou com a vida de Elizângela.
O rio que virou túmulo
E o que se faz com um corpo quando se quer apagar todas as evidências? O sargento achou que tinha a resposta perfeita: jogar no Rio Madeira. Sim, você leu direito. O mesmo rio que banha a cidade, que dá vida à região, virou o túmulo de Elizângela.
O plano quase funcionou. Quase. Porque a verdade, meu caro leitor, tem um jeito engraçado de vir à tona - especialmente quando envolve um crime tão brutal.
Dois longos anos se passaram até que o caso finalmente chegasse ao tribunal. A promotora Gabriela Marques não mediu palavras ao descrever o que aconteceu: "Feminicídio consumado seguido de ocultação de cadáver". Três palavrões que resumem uma tragédia sem tamanho.
A voz da dor
Mas foi a filha da vítima, cujo nome preferiu não ser divulgado, que deu o tom real do que significa perder alguém assim. Na audiência, com a voz embargada mas firme, ela soltou: "Ninguém merece uma maldade dessas. É muito triste perder minha mãe de uma forma tão cruel".
Pare um minuto e pense nisso. Como deve ser acordar todos os dias sabendo que sua mãe foi vítima de quem prometeu amá-la? E pior: que seu corpo foi tratado como lixo?
O defensor público, é claro, tentou argumentar que não houve feminicídio - apenas homicídio qualificado. A diferença? Bem, no primeiro caso, reconhece-se que a mulher foi morta simplesmente por ser mulher. No segundo, as motivações seriam outras. Uma discussão técnica que, francamente, pouco importa para quem perdeu tudo.
O que esperar agora?
O julgamento segue seu curso - e que curso demorado, diga-se de passagem. Testemunhas ainda serão ouvidas, provas analisadas, argumentos trocados. A Justiça, como sempre, não corre - arrasta-se.
Enquanto isso, uma família tenta reconstruir o que sobrou. E uma pergunta ecoa pelos corredores do fórum: como alguém vestindo farda, alguém que jurou servir e proteger, consegue cometer algo tão horrível?
As câmeras estavam lá, registrando cada momento. O sargento, de cabeça baixa, evitando os olhares. A promotora, firme em sua acusação. A filha, tentando manter a compostura. Cenas de um drama que, infelizmente, se repete demais neste país.
O Rio Madeira continua fluindo, indiferente. Mas a memória de Elizângela? Essa permanece viva - e exigindo justiça.