Centenas de pessoas tomaram as ruas do Piauí no último domingo (7) para protestar contra o feminicídio e a violência de gênero. Os atos ocorreram nas cidades de Teresina e Parnaíba, reunindo manifestantes que carregavam cartazes, faixas e símbolos em memória das vítimas.
Homenagem a Janaína Bezerra e símbolos de dor
Na capital, Teresina, cerca de 700 pessoas se reuniram na Praça Pedro II. O rosto estampado nas faixas era o de Janaína Bezerra, estudante de jornalismo assassinada dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e conhecida por publicar poemas nas redes sociais.
Um dos momentos mais marcantes foi a disposição de dezenas de calçados vermelhos e vazios no chão da praça. Cada par era acompanhado por pequenas placas com palavras como "mulher, amiga, filha, vizinha, mãe, tia, trabalhadora, estudante", representando as diversas identidades das vítimas da violência de gênero.
Os cartazes levados pelos manifestantes traziam mensagens diretas, como "mulheres vivas e livres", "parem de nos matar" e "nossas vidas importam".
O grito por responsabilidade e a luta por visibilidade
A assistente social Ana Cleide, uma das organizadoras do ato em Teresina, foi enfática ao dirigir-se aos homens. "Os homens têm a responsabilidade de fortalecer nossa luta e dizer junto conosco: chega de violência contra a mulher, basta de feminicídio", declarou.
Ela detalhou o ciclo de medo que cerca a vida das mulheres: "Sua filha cresce e tem medo de passar na rua... Na balada, ela não pode usar a roupa que quer... Casada, sofre violência e ao dizer não é morta por isso".
Em Parnaíba, o protesto reuniu aproximadamente 60 pessoas, que caminharam pela Avenida São Sebastião. Bia Nascimento, organizadora local, destacou que a manifestação é uma resposta aos casos recentes e à violência diária. "O Brasil registrou cinco assassinatos brutais de mulheres em cinco dias. Estamos aqui para cobrar todas as outras vítimas invisibilizadas", afirmou, referindo-se a dados de 2025.
O que é feminicídio e a busca por justiça
Pela legislação brasileira, feminicídio é classificado como o homicídio de uma mulher cometido por razões da condição de ser mulher. Isso inclui crimes motivados por violência doméstica ou familiar, menosprezo ou discriminação de gênero. A pena para esse crime varia de 20 a 40 anos de reclusão.
Os protestos no Piauí se somam a uma série de manifestações registradas no mesmo fim de semana em outras capitais brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, indicando um movimento nacional de repúdio à violência de gênero e de cobrança por políticas públicas mais eficazes.