Milhares de pessoas tomaram a Praia de Iracema, em Fortaleza, neste domingo (7), em um protesto contundente contra os feminicídios que assolam o Ceará e o Brasil. O ato, que fez parte de uma mobilização nacional, demonstrou a força e a união da sociedade civil diante do alarmante crescimento da violência letal contra as mulheres.
Um mar de vozes por justiça
A manifestação, batizada de "Ato Mulheres Vivas", se estendeu entre a Ponte dos Ingleses e a estátua Iracema Guardiã, símbolos da capital cearense. Segundo a organização, a Rede Itinerante de Mulheres Atuantes (Rima), cerca de 3 mil pessoas compareceram ao local, representando mais de 80 movimentos sociais diferentes. O evento foi destacado como suprapartidário, abrindo espaço para todos que lutam pela vida das mulheres.
O protesto contou com um apoio institucional significativo, incluindo a presença e o suporte de órgãos como a Polícia Militar, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), a Guarda Municipal/Patrulha Maria da Penha, a Secretaria Estadual de Mulheres do Ceará e o SAMU.
Os números trágicos por trás do protesto
A revolta nas ruas tem um motivo claro e aterrador: os dados da violência. Conforme números oficiais da Superintendência de Pesquisa e Estratégia (Supesp), vinculada à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o Ceará já registrou pelo menos 24 feminicídios apenas no primeiro semestre de 2025.
Casos recentes e brutais chocaram a população e ecoaram durante o protesto:
- Na última quarta-feira (3), a soldado Larissa Gomes foi morta a tiros pelo companheiro, também policial militar, Joaquim Filho, durante uma briga em Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza. Larissa havia ingressado na PM após sua irmã ser vítima de feminicídio.
- No dia anterior (2), um homem foi preso em Camocim, suspeito de matar a companheira, Thaynnar Rafaelly Gomes Lima, de 35 anos, e simular seu suicídio. A vítima foi encontrada pela filha pequena.
- Em julho, a enfermeira Clarissa Costa Gomes, de 31 anos, foi assassinada com 34 facadas pelo ex-companheiro, Matheus Anthony Lima Martins Queiroz, de 26 anos, em Fortaleza, porque ele não aceitava o fim do relacionamento.
Um grito que ecoa por todo o país
O protesto na Praia de Iracema não foi um evento isolado. Ele se integrou a uma mobilização nacional que ocorreu em diversas cidades brasileiras, refletindo um sentimento generalizado de luto, indignação e exigência por ações efetivas. A população demanda políticas públicas mais robustas, aplicação rigorosa da Lei Maria da Penha e uma mudança cultural profunda para combater a misoginia e a violência de gênero.
O "Ato Mulheres Vivas" em Fortaleza deixou claro que a sociedade cearense está vigilante e unida. As milhares de pessoas presentes enviaram uma mensagem poderosa: cada vida de mulher importa, e o fim da violência feminicida é uma urgência inegociável. O movimento segue alerta, transformando a dor em luta e a memória das vítimas em combustível para a transformação social.