Violência doméstica deixa médica com sequelas graves
A médica Samira Mendes Khouri, vítima de violência doméstica praticada pelo ex-namorado fisiculturista Pedro Camilo Garcia, enfrenta uma nova cirurgia para corrigir sequelas deixadas pela agressão ocorrida em julho. A profissional da saúde precisará passar por um procedimento cirúrgico bucomaxilofacial para recolocar uma placa que ficou exposta na arcada dentária.
Detalhes do caso e agressão
As agressões aconteceram na madrugada do dia 14 de julho de 2024, em um apartamento alugado pelo casal no bairro de Moema, na capital paulista. Segundo relatos, Pedro Camilo chegou nervoso após ser expulso de uma balada LGBTQIA+ e iniciou as agressões por ciúmes.
Samira descreveu que recebeu mais de dez socos após recuperar a consciência durante a agressão, que durou aproximadamente seis minutos. A vítima precisou fingir estar desmaiada por medo de ser morta pelo fisiculturista. Ela ficou mais de dez dias internada após ser socorrida por policiais militares.
Sequelas e tratamentos necessários
As consequências da violência são severas e persistentes. Samira revelou que a visão ainda não voltou ao normal e a musculatura do lado esquerdo da face permanece travada. Ela já realizou 26 sessões de fisioterapia e segue sob acompanhamento de uma equipe médica multidisciplinar.
"Eu não tinha osso restante para eles fixarem a placa, então eles tiveram que fixar grande parte na arcada dentária, que é muito fina, não é um músculo, e uma das placas começou a ficar exposta", explicou a médica sobre a necessidade da nova cirurgia.
A exposição da placa causou uma hiperplasia - aumento do número de células no tecido afetado. Além disso, as marcas dos socos permanecem visíveis nos olhos, mesmo com tratamento dermatológico especializado.
Impacto na vida profissional e pessoal
Samira ainda não recebeu liberação médica para retornar ao trabalho e precisou trancar a pós-graduação em Nutrologia faltando apenas três meses para conclusão. A especialização remete ao agressor devido à conexão com o fisiculturismo, o que levou a médica a considerar mudar de área dentro da Medicina.
Como símbolo de renascimento, a profissional cobriu as tatuagens que havia feito em homenagem ao ex-namorado, substituindo-as por uma borboleta cercada por flores. Ela retornou a Santos, onde morava com o pai antes do relacionamento, buscando reconstruir sua vida.
Pedro Camilo Garcia fugiu para Santos após a agressão, mas foi detido pela Polícia Militar. A defesa do acusado, através do advogado Eugênio Malavasi, informou que só se manifestará "no momento processual oportuno".