
Era para ser uma noite como qualquer outra em Vilhena, mas o que aconteceu naquela residência do Setor 05 vai ecoar por muito tempo na memória da comunidade. Uma história que começa com promessas de amor e termina com um disparo fatal – literalmente.
Vitória da Silva, apenas 24 anos, teve sua vida interrompida de forma brutal pelo homem que um dia jurou protegê-la. Testemunhas relatam que não foi um ato impulsivo, mas sim o clímax de uma sequência assustadora de violências. O que leva uma pessoa a fazer isso com quem diz amar? A pergunta fica no ar, sem resposta.
O horror dos últimos momentos
Por volta das 22h de quinta-feira, os vizinhos ouviram primeiro os gritos. Depois, o silêncio. Um silêncio pesado, sinistro. Quando a polícia chegou ao local, encontrou a cena que nenhum agente quer ver: Vitória caída, com um projétil alojado na cabeça, e o marido ainda no local – dizem que estava calmo, quase resignado.
Os peritos encontraram evidências de que ela tentou se defender. Arranhões nas paredes, móveis revirados, um celular quebrado no chão. Pequenos detalhes que contam uma história muito maior do que a simples estatística de mais um feminicídio.
Histórico que grita por atenção
Aqui está o que mais corta fundo: não foi a primeira vez. Vitória já havia registrado ocorrências contra ele por agressões anteriores. O sistema sabia, as autoridades sabiam, e ainda assim… Como é possível que isso continue acontecendo?
O delegado responsável pelo caso, em entrevista coletiva, parecia visivelmente abalado. "Cada caso desses é uma falha nossa como sociedade", admitiu, algo raro de se ouvir nas corporações. Ele prometeu agilidade nas investigações, mas a pergunta que fica é: investigações para quê? O assassino está preso, confessou. O problema é muito mais anterior.
Vilhena, uma cidade que se orgulha do crescimento econômico, agora precisa encarar suas sombras. Porque violência doméstica não é 'problema de casal' – é crime. E está acontecendo bem aqui, nas nossas ruas, com nossas vizinhas, nossas amigas.
O after não escrito
Enquanto a papelada judicial segue seu curso trâmite burocrático, a família de Vitória precisa aprender a viver com um vazio que nunca deveria existir. A mãe dela, quando conseguia falar, repetia: "Eu avisei que ele ia matar ela um dia". E quantas outras mães estão dizendo isso agora mesmo?
O caso corre sob sigilo na Justiça, mas alguns detalhes vazam – a natureza sempre encontra brechas. Sabemos que ele usou uma arma registrada, que havia bebido, que discutiam sobre divisão de bens. Detalhes que explicam tudo e nada ao mesmo tempo.
No final, resta uma reflexão incômoda: quantas Vitórias ainda estão presas em casas com seus agressores neste exato momento? E o que estamos fazendo, de fato, para mudar isso?