Uma cena que ninguém gostaria de presenciar. Na pacata rua 12 do bairro Jardim Ubirajara, em Cuiabá, o silêncio foi quebrado por uma descoberta macabra nesta quarta-feira. Vizinhos, aqueles que antes trocavam apenas bons dias, agora sussurravam entre si com expressões de horror estampadas no rosto.
Dois corpos. Mãe e filho. Encontrados em estado tão avançado de decomposição que era difícil precisar há quanto tempo a vida havia se esvaído daquela residência. A polícia chegou por volta das 10h, mas a tragédia, essa já estava instalada há bem mais tempo.
O Cheiro que Não Enganava
Foi um odor insistente, penetrante, que finalmente alertou os moradores do entorno. "A gente vinha sentindo esse cheiro estranho há uns três dias", contou uma vizinha que preferiu não se identificar — medo, talvez, ou simplesmente respeito pelos mortos. "Mas ninguém imaginava... nunca passa pela nossa cabeça algo tão terrível."
Os bombeiros tiveram que arrombar a porta. Lá dentro, o que encontraram era o retrato final de uma história que ninguém conhece por completo. A mulher, ainda não identificada oficialmente, e seu filho — também sem nome divulgado — jaziam em circunstâncias que só a perícia técnica poderá esclarecer.
Mistério e Solidão
O que leva uma família a ficar desaparecida por tanto tempo sem que ninguém perceba? Essa pergunta ecoa entre os vizinhos, que agora se questionam sobre a própria comunidade. Num mundo onde todos estão conectados, como duas pessoas podem simplesmente sumir sem deixar rastros?
A delegada Tatiane de Campos, que coordena as investigações, foi cautelosa nas declarações. "Estamos trabalhando com várias hipóteses", disse, sem dar muitos detalhes. Às vezes o silêncio diz mais que mil palavras.
Os corpos seguiram para o Instituto Médico Legal. Lá, necropsias tentarão contar a história que as vítimas não podem mais narrar. Causa da morte? Tempo? Perguntas que só a ciência poderá responder.
Vizinhança em Estado de Choque
O bairro Jardim Ubirajara nunca mais será o mesmo. Há uma sensação estranha no ar — algo entre culpa e medo. Culpa por não terem percebido antes. Medo do que pode acontecer bem ao lado, sem que ninguém desconfie.
"Eles eram quietos, mantinham para si", comentou outro morador. Num tempo onde todos vivem com pressa, talvez a solidão seja o maior perigo que enfrentamos.
A polícia continua no local, colhendo provas, conversando com testemunhas. Cada pequeno detalhe pode ser a peça que falta neste quebra-cabeça trágico. Enquanto isso, uma família chora — em algum lugar, alguém deve estar sentindo falta dessas duas almas.
Resta esperar pelas investigações. E refletir sobre como, às vezes, as maiores tragédias acontecem bem debaixo de nossos narizes, sem que demos conta.
