
A tensão toma conta do Fórum de Epitaciolândia, no Acre, onde o destino de uma mulher está prestes a ser decidido pelas mãos de sete cidadãos comuns. Maria Gleiciane da Silva Ferreira, de 33 anos, encara nesta sexta-feira um júri popular que vai julgar se ela realmente arquitetou a morte do próprio marido — tudo, segundo a acusação, por motivos que beiram o inacreditável: dinheiro de seguro e aposentadoria.
O caso, que já virou assunto nas ruas da pequena cidade acreana, remonta a uma noite de agosto de 2022. Foi quando José Raimundo Ferreira Lima, então com 60 anos, foi encontrado sem vida dentro de casa, vítima de múltiplos golpes de faca. Uma cena brutal que, na época, parecia mais um assalto que deu terrivelmente errado.
Da Suspeita à Acusação Formal
Mas as investigações foram tecendo uma teia bem diferente da narrativa inicial. A Polícia Civil, fuçando cada detalhe, descobriu conversas suspeitas no celular da acusada. Coisa de deixar qualquer um de cabelo em pé: mensagens que sugeriam um acordo com terceiros para eliminar o marido.
O que teria motivado tamanha crueldade? Segundo o Ministério Público do Acre, a resposta está no bolso. Maria Gleiciane seria beneficiária de um seguro de vida e da aposentadoria do marido — um pacote financeiro que, aparentemente, valia mais que uma vida compartilhada.
O Jogo da Defesa
Do outro lado do ringue, a defesa trabalha com outra cartada. Alega que a acusação carece de provas concretas e que as mensagens foram interpretadas fora de contexto. "São especulações", defendem os advogados, insistindo na inocência da ré.
O caso, que já percorreu um longo caminho desde aquele agosto fatídico, chega agora ao seu momento decisivo. O Tribunal de Justiça do Acre marcou o júri para as 8h desta sexta-feira, e a expectativa é que o julgamento — com direito a testemunhas, perícias e todo o drama que só um tribunal proporciona — se estenda pelo dia todo.
Enquanto isso, em Epitaciolândia, a comunidade se divide entre a curiosidade mórbida e o choque de ver um caso tão pesado se desenrolar no pacato cotidiano do interior. Resta saber o que os sete jurados vão decidir: foi mesmo um crime encomendado ou a Justiça está prestes a cometer um erro irreparável?