
O silêncio da noite em Rosário do Catete foi quebrado por rajadas de violência que vão ecoar por muito tempo na memória dos moradores. Naquela sexta-feira, por volta das 22h30, a vida de uma jovem grávida de sete meses foi interrompida de forma brutal — e o que mais corta a alma é pensar que ela carregava não apenas sonhos, mas uma vida prestes a chegar ao mundo.
A vítima, cuja identidade ainda não foi totalmente revelada — sabemos que tinha 27 anos —, foi surpreendida dentro de sua própria residência. Testemunhas ouvidas pela polícia contaram que ouviram vários disparos, algo entre cinco e seis, seguidos por um silêncio pesado, daqueles que só tragédias conseguem produzir.
O cenário do crime
A casa onde tudo aconteceu fica na Rua São José, num bairro que até então era conhecido pela tranquilidade. Agora, o local se transformou num ponto de dor e incredulidade. Vizinhos, ainda sob o choque, descrevem a vítima como uma pessoa tranquila, que mal aparecia na rua — justamente por estar nos últimos meses de gestação.
"Ela era muito reservada, praticamente não a víamos", contou uma moradora que preferiu não se identificar, num misto de medo e revolta. "Sabíamos que estava grávida porque às vezes a via na janela, com a barriga já bem grande."
A investigação
O delegado responsável pelo caso já adiantou que trabalha com a hipótese de feminicídio — afinal, estamos falando do assassinato de uma mulher precisamente por ser mulher, e grávida. Os peritos do Instituto de Criminalística estiveram no local coletando provas até as primeiras horas da madrugada. Encontraram cápsulas de arma de fogo que podem ser cruciais para identificar os assassinos.
O que mais intriga os investigadores é a frieza do crime. Não houve arrombamento — o que sugere que a vítima possa ter conhecido seus algozes, ou pelo menos confiou neles o suficiente para abrir a porta. Será que foi uma emboscada disfarçada de visita? Um acerto de contas que terminou em tragédia?
O que se sabe até agora
- A vítima foi atingida por múltiplos tiros no tórax e abdômen
- O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal de Nossa Senhora do Socorro
- Não há suspeitos identificados até o momento
- A polícia busca imagens de câmeras de segurança da região
Enquanto isso, a pergunta que não quer calar: quantas vidas precisam ser interrompidas antes que a sociedade acorde para a epidemia de violência contra as mulheres? Essa jovem não era apenas uma estatística — era alguém que preparava o enxoval, que escolhia nome, que imaginava o primeiro sorriso do bebê.
O caso agora está nas mãos da 3ª Delegacia Regional, e qualquer informação pode ser passada anonimamente pelo Disque-Denúncia. Rosário do Catete hoje chora — e o luto é duplo, pela mãe e pela criança que nunca vai nascer.