
O silêncio da noite em São Carlos foi quebrado por gritos que ficarão marcados na memória dos vizinhos. "Socorro! Ele vai me matar!" - era o desespero que ecoava pelas paredes, segundo relatos. Ninguém poderia imaginar que aqueles seriam os últimos momentos de uma vida.
Por volta das 23h de segunda-feira (28), o que começou como mais uma discussão conjugal terminou em tragédia. E as crianças assistiram tudo. Sim, você leu certo - os pequenos, com idades entre 5 e 8 anos, viram o próprio pai tirar a vida da mãe a facadas.
O horror nos detalhes
A vizinhança - aquela que costuma saber de tudo - conta que o casal já tinha histórico de brigas. Mas nada que preparasse para o que aconteceu:
- Os gritos começaram por volta das 22h30
- Uma vizinha chegou a ligar para a polícia
- Quando os agentes chegaram, já era tarde demais
"Parecia cena de filme de terror", desabafa uma moradora que preferiu não se identificar. E não é pra menos. O que se viu depois foi um cenário dantesco: a mulher, já sem vida, e o marido - que horas antes era um pai de família - agora um assassino confessso.
As crianças: vítimas invisíveis
Enquanto o delegado Marcelo Rossi (nome fictício) coletava depoimentos, uma pergunta martelava na cabeça de todos: o que será dessas crianças? Psicólogos já foram acionados, mas como apagar da memória infantil o dia em que o monstro saiu de dentro do armário - e tinha o rosto do próprio pai?
O caso, que poderia ser mais um número nas estatísticas de feminicídio, ganhou contornos ainda mais sombrios. Não bastasse a brutalidade do crime, a exposição das crianças à violência extrema acende um alerta: até quando vamos normalizar relacionamentos tóxicos?
O acusado, um homem de 42 anos que trabalhava como comerciante, está preso e deve responder por feminicídio qualificado. Mas a pergunta que fica é: quantas mulheres precisam morrer antes que a sociedade acorde para essa epidemia silenciosa?