Feminicídio em Roraima: Companheiro mata mulher com pano e álcool e joga corpo em lixão
Feminicídio em Caroebe: suspeito preso após simular vida normal da vítima

A Polícia Civil de Roraima desvendou um caso de feminicídio marcado por extrema crueldade e frieza no município de Caroebe, no sul do estado. O corpo de Maria das Graças Costa Lima, de 38 anos, foi encontrado na tarde de quinta-feira, 18 de janeiro, em um lixão da cidade. A vítima estava desaparecida desde o dia 30 de novembro.

Crime brutal e tentativa de ocultação

O delegado Bruno Gabriel Bezerra Costa, responsável pelas investigações, detalhou a brutalidade do crime. O companheiro da vítima, preso na quinta-feira (18), confessou ter matado Maria das Graças por sufocamento na noite de 30 de novembro, dentro da casa do casal em Caroebe. O método usado foi um pano umedecido com álcool, aplicado para asfixiar a vítima enquanto ela estava deitada no quarto, impedindo qualquer reação.

Após o assassinato, o suspeito iniciou um elaborado plano para ocultar o crime e enganar familiares e autoridades. No dia 1º de dezembro, ele passou a utilizar o celular e as redes sociais da vítima para enviar mensagens aos familiares, simulando que Maria das Graças estava viva e teria viajado para Rorainópolis.

Frieza calculada e descoberta do corpo

Enquanto mantinha a farsa digital, o homem seguiu sua rotina normalmente, inclusive levando os filhos à escola. Paralelamente, planejava como se livrar do corpo. Ele transportou o cadáver em uma carrocinha, coberto por uma lona, até uma oficina mecânica de sua propriedade. No local, colocou ferramentas sobre a carrocinha para disfarçar o conteúdo.

O destino final foi a área de um lixão em Caroebe, onde o corpo foi jogado. Em um ato de extrema violência, o suspeito ainda tentou queimar o cadáver com um isqueiro, numa tentativa de dificultar ou impedir a identificação. A polícia relata que ele retornou ao local por várias vezes, intercalando essas visitas com suas atividades cotidianas, como o trabalho.

Mudança na versão e motivação do crime

Durante as investigações, a segunda oitiva do suspeito, realizada na manhã de sexta-feira (19), foi crucial. Ele mudou sua versão inicial sobre a data e o local do crime, confirmando que o feminicídio ocorreu em Caroebe, e não em São João da Baliza, e na noite de 30 de novembro, e não no dia 1º de dezembro.

Como motivação, ele alegou ter visto mensagens de outro homem no celular da vítima, o que o teria levado ao crime passional. A polícia também apurou que o investigado tem um histórico de violência doméstica contra uma ex-companheira.

O delegado Bruno Gabriel ressaltou o caráter frio e calculista do autor. "Trata-se de um crime de extrema crueldade, marcado pela frieza do autor, que não apenas matou a vítima, como tentou, de forma reiterada, simular uma vida normal e enganar familiares e a Polícia", afirmou. Ele também elogiou o trabalho dos policiais de São João da Baliza, que foram fundamentais para o desfecho do caso.

O suspeito foi indiciado por feminicídio consumado e ocultação e subtração de cadáver. O caso, que teve grande repercussão na região, evidencia mais uma vez a gravidade da violência contra a mulher no Brasil.