Vítima sobrevive a oito facadas e considera pena de dez anos insuficiente
Eduardo Alves da Luz foi condenado nesta terça-feira (18) a dez anos de prisão por tentativa de homicídio qualificado contra sua ex-esposa, Joana Darck Alencar. O crime brutal aconteceu em 7 de dezembro de 2023 no bairro Parque Piauí, Zona Sul de Teresina, e foi registrado por câmeras de segurança.
Trauma e indignação da vítima
Joana Darck Alencar, que sobreviveu a oito facadas, manifestou profunda indignação com a condenação. "Por mim, ele pegava 30 anos de cadeia", declarou a vítima. "Achei muito baixa a condenação daquele monstro, só Deus sabe os traumas que ele me fez".
A agressão transformou completamente a vida de Joana. Ela revelou que não mora mais na mesma casa e não consegue conviver com a mãe e os filhos como antes. A vítima também criticou veementemente a argumentação usada pela defesa de Eduardo.
"Não foi lesão corporal leve, como os advogados permanecem dizendo que foi. Eu quase morri, tenho traumas pela vida toda", desabafou Joana, questionando a eficácia das leis: "E se eu tivesse morrido? Ele ia pegar só 10 anos? Eu acredito nas leis de Deus, já que as dos homens são tão falhas".
Consequências psicológicas e familiares
Eva Alencar, mãe de Joana, acompanhou o julgamento e revelou que a filha se mudou para outro estado há um ano, após desenvolver crises intensas de pânico em decorrência da agressão.
"A minha filha, de vez em quando, lá longe, liga para mim e diz que não está bem. Ela ainda hoje passa mal, ainda fica naquele pânico", contou a mãe emocionada. "Eu quero justiça, só quero que ele pague por tudo, porque ela é a minha única filha e hoje vivo separada dela por causa dele".
Contexto do crime e qualificadora
Segundo o advogado de Eduardo, Antônio Dario Nogueira, o júri popular considerou o réu culpado pela tentativa de homicídio com a qualificadora de feminicídio. É importante destacar que o crime ocorreu antes da lei que tornou o feminicídio um crime autônomo, sancionada em outubro de 2024.
Eduardo foi preso em 12 de dezembro de 2023, cinco dias após a tentativa de homicídio, quando se apresentou ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Teresina.
A delegada Nathália Figueiredo, da Delegacia de Feminicídio do DHPP, confirmou que a vítima mantinha um relacionamento abusivo com o réu. Joana já havia denunciado o ex-marido duas vezes por agressões anteriores, mas ele não atendeu às convocações policiais.
Uma colega de trabalho de Joana prestou depoimento confirmando que a vítima já havia relatado o relacionamento abusivo e a separação. Embora não tenha presenciado o crime, foi essa amiga quem levou Joana ao hospital para receber os cuidados médicos necessários após o ataque brutal.