
O que deveria ser uma simples tarde de terça-feira transformou-se em pesadelo numa residência aparentemente tranquila da Zona Leste paulistana. E olha que a vítima, uma dedicada enfermeira de 38 anos, já vinha temendo algo assim - tanto que tinha nas mãos um pedido de medida protetiva contra o ex-marido.
Mas, infelizmente, nem mesmo o papel com força de lei foi suficiente para impedir a tragédia. O ex-companheiro, um homem de 45 anos que simplesmente não engolia o fim do relacionamento, invadiu a casa dela por volta das 15h30. A discussão começou boba, daquelas que todo ex-casal já teve, mas degenerou rapidamente para algo tenebroso.
O desfecho brutal
Testemunhas contam que ouviram gritos abafados - e depois, um silêncio que gelou a espinha. O que aconteceu dentro daqueles cômodos foi de uma crueldade que chega a dar náuseas: o homem, num acesso de fúria cega, usou as próprias mãos para asfixiar a ex-mulher. Sim, as mãos que um dia prometeram cuidado transformaram-se em instrumento de morte.
E o mais revoltante? Ele não fugiu, não tentou se esconder. Ficou ali, parado no local do crime, quase como se estivesse em estado de choque - ou quem sabe, sentindo uma doentia sensação de "dever cumprido". Quando a polícia chegou, não houve resistência. O sujeito simplesmente se entregou, talvez finalmente percebendo a monstruosidade do que havia feito.
Histórico que anunciava a tragédia
O que mais deixa a gente perplexo nesses casos é que raramente são crimes "do nada". A enfermeira - cujo nome preservaremos por respeito à família - já tinha nas mãos um documento que era basicamente um grito de socorro materializado em papel oficial: a medida protetiva. Ela sabia do perigo, tentou se proteger pela lei, mas a lei chegou tarde demais.
Os vizinhos, ainda em estado de choque, comentavam entre si que já tinham ouvido discussões violentas antes. "A gente sempre ouvia uns barulhos, mas nunca imaginou que chegaria a esse ponto", contou uma moradora que preferiu não se identificar. É sempre assim, né? A gente nunca imagina que a violência vai escalar até o irremediável.
Reflexão necessária
Casos como esse fazem a gente se questionar: até que ponto nossas leis são realmente efetivas para proteger mulheres em situação de risco? Uma medida protetiva é só um pedaço de papel quando confrontada com a determinação doentia de um agressor?
O ex-marido agora responde por feminicídio - e olhe lá, porque a defesa certamente vai tentar classificar como "crime passional", como se houvesse alguma paixão em estrangular alguém até a morte. A enfermeira, que dedicava sua vida a cuidar dos outros, teve sua própria vida cruelmente interrompida pela pessoa que um dia jurou amá-la.
E São Paulo, mais uma vez, se vê diante de um daqueles casos que deveriam servir de alerta, mas que infelizmente se repetem com uma frequência assustadora. Quando é que a gente vai aprender que posse não é amor, que ciúme não é prova de afeto, e que "não aceitar o fim" não dá direito de acabar com uma vida?