Era pra ser uma noite como qualquer outra. Mas o que começou como um momento de descontração se transformou numa tragédia que vai marcar para sempre a comunidade do Residencial Vista Dourada, em Goiânia. Três vidas pequeninas, cheias de futuro, se apagaram numa quinta-feira que ninguém vai esquecer.
Por volta das 23h30, o silêncio da noite foi quebrado por labaredas assustadoras. Os vizinhos, em pânico, mal podiam acreditar no que seus olhos viam. As chamas consumiam a humilde casa de madeita – e dentro, o pesadelo absoluto.
O Desespero dos Vizinhos
Não deu tempo de quase nada. Apesar dos esforços heróicos de quem estava por perto, o fogo era implacável. "A gente tentou, juro que tentou", contou um vizinho ainda tremendo, horas depois. "Mas o fogo estava muito forte, muito rápido..."
Os bombeiros chegaram fazendo o possível, mas às vezes o possível não é suficiente. Quando finalmente controlaram as chamas, encontraram o cenário mais devastador que qualquer profissional pode imaginar: três corposinhos, carbonizados.
As Crianças
Os nomes deles ecoam como uma triste melodia: Miguel, de apenas 1 ano; Alice, de 3; e o pequeno Bernardo, de 5. Três vidas que mal começaram, interrompidas de forma tão brutal. A pergunta que não quer calar: onde estavam os adultos?
Eis a parte que deixa qualquer um com um nó na garganta. As mães – sim, no plural – haviam saído para um bar nas redondezas. Deixaram as crianças sob os cuidados de uma adolescente de 17 anos. Só que a adolescente... também resolveu sair.
Sim, você leu direito. A responsável sumiu do mapa e foi encontrar com as mães no tal bar. As crianças? Totalmente sozinhas. À própria sorte. Que sorte?
O Bar e a Noite de "Descaso"
O estabelecimiento virou centro das investigações. Testemunhas contam que as mulheres estavam lá, aparentemente tranquilas, enquanto o inferno se armava a poucos metros dali. Não perceberam nada até ser tarde demais.
Quando o desespero bateu à porta, literalmente, já não havia volta. A PM trabalha agora para reconstruir os últimos momentos – as escolhas, os erros, as negligências que custaram tão caro.
O delegado Emerson Moreira, com a seriedade que o caso exige, foi direto: as mães e a adolescente serão responsabilizadas. A lei é clara quanto ao abandono de incapazes. E o resultado, todos nós sabemos.
Enquanto isso, na vizinhança, o clima é de luto e incredulidade. Como algo assim pode acontecer? Em que mundo deixamos nossas crianças totalmente desprotegidas? Perguntas que, hoje, não têm resposta – só um vazio imenso.
Os corpos foram levados ao IML para os procedimentos de praxe. A justiça segue seu curso. Mas para três famílias – e para uma comunidade inteira – algumas coisas nunca mais serão como antes.
