Bebê de 3 meses morre em São Vicente: pais dão versões contraditórias
Bebê de 3 meses morre em São Vicente; pais têm versões opostas

Um bebê de apenas três meses de vida foi encontrado morto na manhã da última sexta-feira (5), na Favela do Charms, localizada no bairro Jockey Clube, em São Vicente, no litoral de São Paulo. A Polícia Civil investiga o caso e já colheu os depoimentos dos pais, que apresentaram versões completamente contraditórias sobre os acontecimentos da noite anterior.

Os fatos contraditórios narrados pelos pais

De acordo com as informações obtidas pelo g1, os pais, uma mulher de 20 anos, autônoma, e um homem de 38 anos, encanador, foram ouvidos pela polícia. Ambos confirmaram ter consumido bebidas alcoólicas durante a quinta-feira (4), mas os detalhes do que ocorreu depois divergem radicalmente.

A mãe alegou que foi o companheiro quem dormiu com o braço sobre o rosto do bebê. Ela relatou que subiu para amamentar e arrumar roupas por volta das 22h, colocando a criança no berço. Por volta das 2h30, após ouvir o choro, ela viu o pai com o braço sobre o rosto do filho. Após amamentar e trocar o bebê, ela o colocou na cama, entre os dois. Ela afirmou que o companheiro é alcoólatra e costuma dormir embriagado, e que o bebê dormia junto ao casal com frequência.

Já o pai deu uma versão oposta. Ele afirmou que a esposa teria dormido sobre o filho. Disse que o menino só era tirado do berço para mamar e que, por volta da meia-noite, a companheira subiu para amamentá-lo e trocá-lo. Quando ele subiu ao quarto por volta de 1h, encontrou a mulher deitada com o bebê ao lado e simplesmente se deitou e dormiu. Ele negou estar bêbado e disse que sempre acorda às 5h para trabalhar, mas naquela madrugada foi acordado antes pela companheira desesperada.

As seis principais contradições nos relatos

As divergências entre os depoimentos são graves e numerosas. A polícia identificou pelo menos seis pontos de conflito direto:

  • Horário que a mãe subiu: Ela disse que foi às 22h; ele afirmou que foi à meia-noite.
  • Onde o bebê estava quando o pai subiu: A mãe disse que estava no berço; o pai disse que já estava na cama.
  • Quem colocou o bebê na cama: A versão da mãe indica que foi ela; o pai disse que já o encontrou lá.
  • Posição do pai ao dormir: Ela disse que ele virou para o lado do bebê; ele afirmou que estava virado para o lado oposto.
  • Quem percebeu o bebê sem vida: A mãe disse que foi ela; o pai disse que só acordou quando foi chamado.
  • Estado de embriaguez do pai: Ela o descreveu como bêbado e alcoólatra; ele negou e disse que dormiu normalmente.

A investigação e a espera pelo laudo do IML

O caso foi registrado como homicídio no 2º Distrito Policial de São Vicente. O médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atendeu a ocorrência às 6h42 de sexta-feira, classificou a morte como violenta, decorrente de uma possível asfixia. O profissional também constatou que o bebê apresentava manchas roxas nos braços e nas pernas.

A Polícia Civil aguarda o laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML) para confirmar a causa exata da morte e definir a linha de investigação. Os exames devem esclarecer se houve asfixia, engasgo durante a amamentação ou outro fator. Além disso, é crucial determinar se as manchas roxas foram causadas por agressão ou são resultado de coagulação sanguínea pós-morte.

Até o momento, ninguém foi preso. Os pais foram conduzidos à delegacia para prestar esclarecimentos e, diante das versões incompatíveis, a investigação segue para apurar a responsabilidade sobre a tragédia que vitimou o bebê de três meses.