Protesto contra feminicídio reúne centenas na Paulista após casos no ABC
Ato contra violência à mulher mobiliza 20 estados e DF

Centenas de pessoas se reuniram na tarde deste domingo (7) na Avenida Paulista, em São Paulo, em um protesto contra o feminicídio e a violência dirigida às mulheres. A concentração teve início ao meio-dia em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e integrou uma mobilização nacional.

Ato nacional e números alarmantes

Segundo a organização Levante Mulheres Vivas, o ato aconteceu simultaneamente em pelo menos 20 estados brasileiros e no Distrito Federal. O protesto ocorre em um contexto de dados alarmantes: o Brasil já registrou mais de mil casos de feminicídio apenas em 2025.

O clima de indignação foi reforçado por dois crimes brutais ocorridos na região do ABC Paulista neste mesmo domingo. Em Santo André, a farmacêutica Daniele Guedes Antunes, de 38 anos, foi morta a facadas pelo ex-marido dentro de sua própria casa. De acordo com relatos familiares, o agressor não aceitava o fim do relacionamento.

Em Diadema, outra tragédia familiar se desenrolou. Milena de Silva Lima, de 27 anos, foi atacada pelo ex-companheiro, João Victor de Lima Fernandes, de 30. O casal, que tinha um filho, estava separado há aproximadamente dois meses. As informações foram confirmadas pela Polícia Militar e por moradores da região.

Medidas protetivas: um direito e um caminho

Diante da escalada de violência, o protesto também buscou informar sobre os mecanismos legais de proteção. É crucial destacar que as mulheres não precisam esperar sofrer uma agressão física para solicitar uma medida protetiva.

Comportamentos como ciúme excessivo, perseguição (stalking), controle financeiro ou patrimonial já configuram situações de risco que justificam o pedido de proteção judicial.

O caminho para solicitar essa medida pode ser iniciado de várias formas:

  • Na delegacia mais próxima ou em uma Delegacia da Mulher.
  • Pelo site da Delegacia Eletrônica.
  • Através do telefone 197.

Após o registro do pedido pela autoridade policial, o documento é remetido a um juiz ou juíza, que tem o prazo de até 48 horas para apreciar o requerimento.

E se a violência não cessar?

Caso a medida protetiva concedida não seja suficiente para interromper as agressões ou ameaças, a mulher tem o direito de solicitar outras medidas mais adequadas à sua situação. É fundamental denunciar qualquer descumprimento da ordem judicial, uma vez que essa ação por si só já configura um crime.

O protesto na Avenida Paulista, ecoado por milhares de vozes em todo o país, reforça um apelo urgente por políticas públicas efetivas e por uma mudança cultural que enfrente a raiz da violência de gênero, lembrando a sociedade de que a proteção à vida das mulheres é uma responsabilidade de todos.