Amante de médico acusado de feminicídio será investigada por falsidade ideológica
Amante de médico será investigada por falsidade em caso de feminicídio

A Justiça de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, determinou a abertura de uma investigação contra Letícia Camilo Laurindo, amante do médico Luiz Antonio Garnica. Ele e sua mãe, Elizabete Arrabaça, foram pronunciados e vão a júri popular pelo feminicídio qualificado da esposa dele, a professora de pilates Larissa Rodrigues, de 37 anos, morta por envenenamento.

Investigação por falsidade ideológica

A decisão judicial que enviou Garnica e sua mãe para o Tribunal do Júri também ordenou à Polícia Civil que investigue Letícia Camilo por falsidade ideológica. O motivo é que ela teria declarado, em um documento enviado à Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), que mantém uma união estável com o médico preso.

Essa declaração é crucial, pois apenas familiares ou parceiros em uniões reconhecidas por lei têm permissão para visitar detentos. No entanto, durante as audiências do processo, tanto Letícia quanto Garnica afirmaram sob juramento que não possuem união estável.

Além dela, também serão investigados Pedro Prette Varandas e Gilvânia Nunes dos Santos, que assinaram o mesmo documento como testemunhas. A defesa dos três não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

O crime: envenenamento progressivo e motivação financeira

Larissa Rodrigues foi encontrada morta no apartamento que dividia com o marido, no bairro Jardim Botânico, na manhã do dia 22 de março deste ano. Exames periciais constataram a presença de chumbinho (um raticiano proibido) em seu organismo.

Segundo a denúncia do Ministério Público, o envenenamento foi progressivo, com doses diárias administradas para debilitar a vítima lentamente, dando a falsa impressão de uma complicação de saúde. A investigação aponta que a sogra, Elizabete, preparava uma sopa envenenada a mando do filho, que a levava para Larissa. Em pelo menos duas ocasiões, Garnica também teria medicado a esposa com substâncias fornecidas pela mãe, sem o conhecimento da vítima.

O motivo do crime, segundo as autoridades, seria financeiro. Larissa havia descoberto o caso extraconjugal do marido no início de março. Tanto Garnica quanto sua mãe estavam endividados e temiam uma partilha de bens em um eventual divórcio, querendo manter o patrimônio sob o controle do médico.

Júri popular e prisões mantidas

Na sentença de pronúncia, lavrada no domingo (30), o juiz José Roberto Bernardi Liberal definiu que os réus serão julgados por feminicídio qualificado. As qualificadoras incluem motivo torpe (financeiro), emprego de veneno, meio insidioso e cruel, e recurso que dificultou a defesa da vítima. Garnica também responde por fraude processual por ter adulterado a cena do crime.

O magistrado manteve as prisões preventivas de Luiz Antonio Garnica e Elizabete Arrabaça. Ele argumentou que a medida é necessária para a garantia da ordem pública e pelo risco de fuga, diante da gravidade dos fatos. A data para o julgamento no Tribunal do Júri ainda não foi marcada.

O caso, que chocou a cidade de Ribeirão Preto, continua sob os holofotes da Justiça, agora com a perspectiva de novas investigações que podem ampliar o círculo de responsabilidades pelo trágico destino de Larissa Rodrigues.