Um caso de violência e racismo chocou Belo Horizonte na última quinta-feira (20), quando um advogado de 52 anos agrediu fisicamente a babá de seus próprios filhos no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul da capital mineira.
Histórico de assédio moral e racismo
A funcionária, que prefere não ser identificada por medo de represálias, revelou que vinha sofrendo agressões verbais e ofensas racistas há aproximadamente um ano. As intimidações começaram após a separação do advogado Rodrigo Bravim Brandão de sua ex-esposa, que é patroa da babá.
Em entrevista à TV Globo, a vítima contou que o profissional do direito passou a pressioná-la constantemente para obter informações sobre a vida pessoal de sua ex-companheira. Diante da recusa em fornecer qualquer dado, as ofensas se intensificaram, incluindo xingamentos de cunho racial.
"A gente deixa a família da gente, deixa a casa da gente pra trabalhar e acontecer essas coisas é inaceitável. Eu não aceito isso mais. É uma sensação de humilhação, desconforto, desprezo", desabafou a babá.
Agressão física no dia da Consciência Negra
As agressões físicas registradas no dia 20 de novembro, data em que se comemora o Dia da Consciência Negra, representaram o ápice de uma série de ataques que já vinham ocorrendo. Segundo relatos da vítima, ela recebeu novas ofensas por telefone naquela noite antes de descer para conversar com o advogado.
Câmeras de segurança capturaram o momento da discussão, que aconteceu na porta do prédio e na presença de um dos filhos do suspeito, uma criança de apenas 3 anos. As imagens mostram que, quando a mulher tentou impedir que fosse filmada, Rodrigo Bravim Brandão reagiu com tapas no rosto e chutes.
Consequências e versões contraditórias
A babá foi submetida a exames no Instituto Médico Legal, que constataram marcas nos pulsos e nos olhos, além de um corte na língua. A defesa da vítima afirmou que todas as agressões, tanto físicas quanto racistas, estão documentadas em vídeo e que nenhuma atitude da funcionária justificaria o ataque violento.
Medidas judiciais já foram tomadas pela advogada da babá, enquanto a Polícia Civil confirmou que o caso segue em investigação.
Já a defesa do advogado Rodrigo Bravim Brandão apresentou versão completamente diferente dos fatos. Eles alegam que a versão da vítima é "parcial" e "distorce completamente a realidade dos acontecimentos".
Segundo os advogados do acusado, a babá teria demonstrado hostilidade após o divórcio e, no dia das agressões, saiu do prédio "de forma exaltada, fazendo xingamentos e ameaças". A defesa sustenta que o advogado reagiu no "calor da emoção" e em "legítima defesa".
Os representantes legais do suspeito informaram ainda que entregaram à polícia mensagens e áudios recebidos por Brandão nos últimos dias, que ele considera intimidatórios.