
O silêncio na sala de audiências era quase palpável quando os jurados começaram a assistir, através de telas, ao homem cujos atos ainda ecoam nas discussões sobre violência de gênero no Brasil. O caso? Aquele que fez até os mais endurecidos juristas arrepiarem-se — um crime tão brutal que mudou literalmente as leis do país.
Nesta quarta-feira (7), em Cuiabá, o indivíduo acusado de tirar a vida da própria mãe de suas filhas e das três meninas — sim, você leu certo, três crianças — está sendo julgado à distância. A ironia não passa despercebida: o mesmo sistema que ele usou para monitorar as vítimas (celulares e câmeras) agora transmite cada um de seus gestos para o tribunal.
O crime que abalou o país
Lembra daquele caso em 2023 que virou pesadelo nacional? Pois é, este aqui. O sujeito, depois de uma separação conturbada, arquitetou meticulosamente a execução. Primeiro a ex-esposa. Depois, as filhas de 12, 8 e 4 anos — esta última ainda carregava a boneca favorita quando foi encontrada.
Detalhes que doem: as meninas tinham aulas de balé marcadas para a semana seguinte. A mais velha acabara de ser aprovada na seletiva de natação. Vida interrompida por quem jurara protegê-las.
Legado de dor e mudanças
O caso foi tão absurdo que virou marco. Graças — se é que se pode usar essa palavra — a essa tragédia, o feminicídio agora tem penas mais duras quando envolve:
- Vítimas vulneráveis (crianças, idosas, pessoas com deficiência)
- Uso de monitoramento eletrônico pelo agressor
- Crimes cometidos na presença de familiares
"Essa legislação nova? Nasceu do sangue dessas quatro vidas", disparou a promotora durante os debates preliminares, numa fala que ecoou nas redes sociais.
Júri 2.0: justiça na era digital
Eis a reviravolta tecnológica: o réu, que está preso em regime fechado, participa por videoconferência. Alguns criticam — "júri tem que ser olho no olho". Outros defendem: "vítimas não tiveram escolha, por que ele teria?".
O julgamento promete ser um daqueles que vira referência. Não só pelo horror dos fatos, mas pela forma como a Justiça está se adaptando — ou tentando — aos novos tempos. Afinal, como julgar um crime do século XXI com instrumentos do século XX?
Enquanto isso, do lado de fora do fórum, um grupo de mulheres segura cartazes com os rostos sorridentes das vítimas. "Elas importam", diz um. "Nunca mais", afirma outro. O Brasil — e principalmente Mato Grosso — espera que desta vez a justiça não apenas seja feita, mas seja vista sendo feita.