Um levantamento municipal realizado em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, revela dados alarmantes sobre a violência contra as mulheres na cidade. Entre janeiro e agosto de 2025, 73,21% das agressões ocorreram dentro das residências, transformando o ambiente doméstico no local mais perigoso para as mulheres da região.
Jovens são as principais vítimas
Os números do Painel da Violência da prefeitura mostram que as mulheres jovens representam a parcela mais vulnerável da população. Na faixa etária entre 20 e 29 anos, 76,55% das vítimas são do sexo feminino, indicando que a violência atinge com mais intensidade essa geração.
O estudo abrangeu 851 ocorrências registradas entre 1º de janeiro e 27 de agosto de 2025, trazendo à tona um retrato preocupante da segurança feminina na cidade. Os dados apontam ainda que 52,17% dos agressores identificados eram homens, confirmando um padrão já conhecido neste tipo de violência.
Distribuição geográfica e fatores de risco
A violência doméstica em Ribeirão Preto não se concentra em uma única região, mas se espalha por toda a cidade. A zona Norte lidera com 25,84% dos casos, seguida pela zona Oeste com 22,95% e zona Leste com 19,9%. A zona Sul registrou 14,77% das ocorrências, enquanto a região Central teve 12,84%.
Outros fatores preocupantes emergiram da análise: 2,71% das vítimas eram gestantes no momento da agressão, e em 17,17% dos casos houve consumo de álcool durante o episódio violento.
O ciclo da violência e como identificá-lo
Para a advogada Larissa Brito, especialista em direito da mulher, os dados refletem uma triste realidade já observada na rotina dos atendimentos. "Esses dados dizem muito como realmente a gente precisa falar mais. As mulheres ainda sofrem da violência de gênero, que acontece pelo simples fato de elas serem mulheres dentro da sua própria casa", afirma a especialista.
Brito explica que a violência raramente começa com agressão física direta. Geralmente há uma escalada que se inicia com:
- Violência psicológica: xingamentos, humilhações e controle de horários
- Violência moral: difamações e ataques à honra
- Violência patrimonial: quebra de objetos, controle financeiro
- Violência física: empurrões, tapas e socos
"É fundamental que a mulher identifique que está diante de uma situação de violência e procure ajuda. A denúncia é a porta de saída desse ciclo", reforça a advogada.
Canais de denúncia e proteção
Além da própria vítima, familiares, amigos e vizinhos podem acionar os canais de denúncia ao identificarem comportamentos suspeitos. Em Ribeirão Preto, a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) funciona na Avenida Costábile Romano, 3230, Nova Ribeirânia, com telefone (16) 3610-4499.
Outros canais disponíveis incluem:
- Disque 180 - Central de Atendimento à Mulher
- Disque 153 - Patrulha Maria da Penha da Guarda Civil Metropolitana
A observação dos sinais iniciais de violência pode ser determinante para impedir que a situação evolua para desfechos trágicos, incluindo o feminicídio.