Paraíba registra 26 feminicídios em 2025, igualando total de 2024
26 feminicídios na Paraíba em 2025 igualam 2024

O estado da Paraíba já registrou 26 casos de feminicídio entre janeiro e outubro de 2025, número que iguala o total de todo o ano de 2024. Os dados alarmantes revelam que aproximadamente duas mulheres são assassinadas por mês no estado simplesmente por serem mulheres.

Distribuição dos casos por meses

De acordo com informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública, os feminicídios ocorreram com a seguinte distribuição mensal: 3 casos em janeiro, 6 em fevereiro, 3 em março, 2 em abril, 3 em maio, 3 em junho, nenhum em julho, 1 em agosto, 3 em setembro e 2 em outubro. O mês de fevereiro apresentou o maior número de ocorrências.

Especialista analisa causas do problema

Para a pesquisadora de gênero Glória Rabay, diversos fatores culturais explicam a manutenção de números tão elevados. "Um fator é cultural, porque a lei, em si, não vai fazer diminuir nada", explica a especialista.

Rabay destaca que "existem muitos fatores que explicam a violência contra as mulheres, fatores culturais, do machismo, e a gente tem visto um crescimento de práticas misóginas nos últimos anos". Segundo ela, o avanço de discursos de ódio contra as mulheres nas redes sociais tem contribuído para agravar o problema.

Feminicídios atingem todo o território paraibano

Os 26 casos registrados em 2025 ocorreram em diversas cidades paraibanas, demonstrando que o problema não se restringe a uma região específica. Entre as localidades afetadas estão:

  • Cajazeiras
  • Campina Grande
  • João Pessoa
  • Patos
  • Santa Rita
  • Coremas
  • Araçagi
  • Conde
  • Itaporanga

A pesquisadora Glória Rabay ressalta que "embora sejam as mulheres pretas, pobres, periféricas, as maiores vítimas, a gente vai encontrar vítimas com qualquer característica social". Ela explica que a cultura machista está disseminada por toda a sociedade, o que justifica a distribuição geográfica dos casos.

Evolução da legislação brasileira

Em março de 2015, a Lei nº 13.104 incluiu o feminicídio no rol de crimes hediondos. Mais recentemente, em 2024, a Lei 14.994 tornou o feminicídio um crime autônomo e estabeleceu outras medidas para prevenir e coibir a violência contra a mulher.

Conforme a legislação, o feminicídio é definido como o assassinato de mulheres por razões da condição do sexo feminino. A pena para os condenados pode chegar a 40 anos de prisão, superior à prevista para homicídio qualificado (12 a 30 anos).

Educação como caminho para mudança

Para Glória Rabay, a criminalização específica do feminicídio foi um avanço importante, mas insuficiente. "Eu acho que o único caminho para diminuir o feminicídio é o processo educativo", defende a pesquisadora.

Ela explica que esse processo educativo não é responsabilidade exclusiva das escolas, mas de toda a sociedade: "Ele deve acontecer na escola, deve acontecer na mídia, deve acontecer nas igrejas, deve acontecer na família, ou seja, em qualquer espaço".

Comparativo com anos anteriores

Em 2024, 25 mulheres foram vítimas de feminicídio na Paraíba, com uma média de aproximadamente dois casos por mês. Embora o número ainda seja alto, houve uma queda de 26,47% em relação a 2023, quando foram registrados 34 feminicídios no estado.

Os meses mais violentos de 2024 foram fevereiro e setembro, com 4 e 5 casos respectivamente. Apenas em agosto não houve registro de feminicídios no estado.

Como denunciar

Denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas através dos seguintes canais:

  • 197 - Disque Denúncia da Polícia Civil
  • 180 - Central de Atendimento à Mulher
  • 190 - Disque Denúncia da Polícia Militar (em casos de emergência)

Os dados reforçam a necessidade de ações contínuas e efetivas para combater a violência de gênero no estado da Paraíba e em todo o país.