
Os números são mais do que estatísticas — são vidas interrompidas brutalmente. Só neste ano de 2025, Santa Catarina já registrou a condenação de 106 casos de feminicídio. Sim, você leu certo: cento e seis. Uma cifra que deveria envergonhar qualquer sociedade que se pretenda civilizada.
Os dados, compilados pelo Tribunal de Justiça de SC (TJ-SC) a pedido do ND+, pintam um panorama desolador. E o pior? A gente sabe que a realidade provavelmente é ainda mais cruel — muitas mortes sequer chegam a ser classificadas como feminicídio, sabe como é?
Onde o perigo mora
Prepare-se para uma tristeza sem tamanho: em 85% desses crimes, o assassino era alguém que a vítima conhecia intimamente. Maridos, ex-companheiros, namorados... gente que deveria proteger, mas que decidiu tirar a vida.
E não foi num rompante de loucura. A maioria esmagadora — pasmem — aconteceu no ambiente doméstico, aquele lugar que deveria ser refúgio, mas que se transformou em cenário de horror para tantas mulheres.
As marcas da pandemia
Lembra daquela história de que a pandemia piorou tudo? Pois é, com a violência doméstica não foi diferente. Os números de 2025 ainda estão altíssimos, um reflexo tardio daqueles tempos de confinamento forçado.
Os especialistas já alertavam: trancar mulheres com seus agressores seria catastrófico. E foi. Agora colhemos os frutos amargos dessa equação perversa.
Justiça em movimento
Mas nem tudo são más notícias. O TJ-SC criou nove varas especializadas só para lidar com violência doméstica — uma rede de proteção que tenta, na medida do possível, frear essa epidemia.
Só no ano passado, foram mais de 63 mil processos desse tipo tramitando pela justiça catarinense. Um volume assustador que mostra como o problema está longe de ser resolvido.
E sabe qual é a parte mais revoltante? Muitas dessas vítimas já tinham pedido ajuda. Medidas protetivas foram concedidas, mas... bem, algumas coisas falham feio.
Um problema de todos
Isso aqui não é papo de "problema das mulheres". É uma questão de sociedade, de educação, de cultura. Enquanto a gente não encarar que precisamos mudar radicalmente como enxergamos as relações entre homens e mulheres, os números vão continuar nos assombrando.
Santa Catarina pode ser linda por fora, mas tem uma ferida profunda que precisa ser tratada com urgência. E tratamento mesmo, daqueles que doem mas curam.