
Imagine sair de casa para salvar vidas e quase perder a sua. Foi exatamente o que aconteceu com uma técnica de enfermagem do SAMU na madrugada de segunda-feira, em Cascavel. O que deveria ser mais um atendimento de rotina se transformou num pesadelo de violência gratuita.
A profissional — cujo nome foi preservado por questões de segurança — ainda tremia ao contar os detalhes. "Se fosse uma faca, eu estaria morta", confessou, com a voz embargada. A frieza da declaração esconde o trauma de quem sobreviveu a uma agressão que beirou o absurdo.
Cena de horror em casa noturna
Tudo começou quando a equipe do SAMU foi acionada para atender um homem que havia desmaiado numa dessas casas noturnas que funcionam até altas horas. Chegando lá, encontraram o paciente já consciente — mas longe de estar são. Eis que surge o irmão do atendido, completamente alterado, portando nada menos que uma barra de ferro.
O que se seguiu foi puro caos. Sem qualquer motivo aparente, o indivíduo partiu para cima da técnica. Golpes violentos com a barra de ferro atingiram suas costas e braços. "Ele me acertou com toda a força", lembra a vítima. "A dor foi instantânea, uma coisa que não consigo descrever."
Falta de proteção e impunidade
O mais revoltante? A equipe do SAMU — que arrisca a vida diariamente — trabalha sem colete à prova de balas, sem qualquer tipo de proteção adequada. São heróis de um sistema que parece esquecer que eles também são vulneráveis. E o agressor? Fugiu do local antes mesmo da polícia chegar, deixando para trás o rastro de violência e uma pergunta no ar: até quando?
Os colegas da técnica tentaram intervir, é claro. Mas como conter alguém em fúria, armado com uma barra de ferro? A cena deve ter sido dantesca — profissionais de saúde sendo atacados enquanto tentavam salvar uma vida.
Consequências físicas e emocionais
Agora, além das dores físicas que a acompanham a cada movimento, a técnica enfrenta o medo. Medo de voltar ao trabalho, medo do próximo atendimento, medo de que isso se repita. "A gente sai de casa pra ajudar, não pra ser espancado", desabafa, com uma mistura de raiva e decepção.
O caso — que já está nas mãos da 6ª Subdivisão Policial de Cascavel — levanta questões urgentes sobre a segurança dos profissionais de emergência. Quantos outros precisam passar por isso até que medidas concretas sejam tomadas?
Enquanto isso, a técnica se recupera em casa, com hematomas que vão sumir, mas com marcas emocionais que provavelmente levarão muito mais tempo para cicatrizar. E o agressor continua solto, o que só aumenta a sensação de injustiça.