Foi por volta das nove e meia da manhã desta segunda-feira (26) que a rotina de uma rua qualquer no Centro de Piracicaba foi quebrada por uma cena que é difícil de esquecer. Uma guarnição da Polícia Militar, fazendo aquela ronda de sempre, se deparou com algo que vai muito além do que qualquer profissional espera encontrar no expediente.
Lá estava ele. Um homem de 52 anos – que a essa altura da vida deveria ter algum conforto, algum sossego – completamente vulnerável. A situação era tão crítica que os próprios policiais, acostumados a ver de tudo, ficaram estarrecidos. Ele apresentava sinais claros e chocantes de maus-tratos prolongados. Não era algo de agora, dava pra ver que a negligência vinha de longa data.
O estado geral de saúde do homem era simplesmente deplorável. Desidratação severa, sujeira, ferimentos... um verdadeiro descaso com a dignidade humana. Imediatamente, o protocolo de emergência entrou em ação. Os PMs, que num primeiro momento são a autoridade, na hora H viram quase que anjos da guarda, prestando os primeiros socorros ali mesmo.
O Samu foi acionado às pressas, e quando a equipe médica chegou, confirmou o óbvio: a situação era gravíssima. O homem precisava de atendimento hospitalar urgente. Foi tudo muito rápido – a vítima foi estabilizada no local e, em seguida, transportada para o Pronto-Socorro Central de Piracicaba. Lá, ele finalmente recebeu os cuidados médicos necessários, longe daquele ambiente de abandono.
E agora, o que fica? A pergunta que não quer calar. A Polícia Militar já comunicou o caso à Delegacia de Polícia Defesa da Mulher, Idoso e Pessoa com Deficiência (DDM). Eles são os especialistas em investigar esse tipo de crime covarde, que geralmente acontece entre quatro paredes. A suspeita, claro, recai sobre possíveis familiares ou cuidadores – afinal, dificilmente um estranho teria acesso constante para cometer esse tipo de violência silenciosa.
Um caso triste, que expõe uma ferida social. Mostra como, às vezes, o perigo mora logo ali, na casa ao lado, e passa despercebido. A sorte foi o olhar atento daqueles policiais. Mas e quantos outros, por aí, não têm a mesma sorte?
