
O cenário é duro, difícil de engolir. Um daqueles relatórios que você lê e fica uns minutos quieto, processando. O Piauí tem um problema grave — sério mesmo — com violência contra a comunidade LGBTQIAPN+. E não é qualquer violência: tem cor, tem gênero, tem endereço social.
Dados fresquinhos, saídos do forno do Boletim Epidemiológico, mostram que pretos, trans e homossexuais carregam o fardo mais pesado. São eles que estão na linha de frente, no olho do furacão. A gente até já desconfiava, mas ver os números assim, claros e cruéis, é outra coisa.
Quem mais sofre? A resposta dói
Pessoas negras. Sem rodeios. Elas representam nada menos que 62,5% das vítimas registradas. Não é coincidência, não é acaso — é estrutura, é histórico, é racismo entranhado na sociedade. E quando junta racismo com LGBTfobia? Bom, aí a bomba estoura mesmo.
E tem mais. Muito mais.
Entre as identidades de gênero, a transexualidade aparece como um imã de violência. Mulheres trans e travestis estão absurdamente expostas. É como se every time que saem de casa, rolasse uma roleta-russa de humilhação e perigo. Homens gays não ficam atrás — a homossexualidade masculina ainda é alvo frequente de ódio e agressão.
O perfil não mente: maioria jovem, pobre e preta
Se você fosse desenhar a vítima mais comum, seria assim: jovem, negra, LGBTQIAPN+ e em situação de vulnerabilidade econômica. Parece clichê? Só porque é verdade. A intersecção de opressões não perdoa. A idade média fica na casa dos 30 anos — gente nova, com vida pela frente, sendo cortada pela violência.
E olha só onde a coisa aperta: a maioria esmagadora das agressões acontece na rua. Espaço público, supostamente de todos. Mas claramente não é para todos. Quem é diferente, quem não se encaixa, paga o preço. Às vezes com a vida.
E as armas? Facas e palavras afiadas
Os meios variam, mas a intenção é uma só: machucar. Agressão física com objetos perfurantes — facas, principalmente — lidera o ranking dos métodos. Mas a violência psicológica vem logo atrás, e dói tanto quanto. Xingamentos, ameaças, humilhação pública. Tudo isso vai corroendo a alma, dia após dia.
E pasme: em muitos casos, o agressor é conhecido. Não é um desconhecido num beco escuro. É vizinho, é colega de trabalho, é até familiar. A violência que vem de perto doi duplamente.
O que fazer? O grito por políticas públicas
Os números gritam. E a gente precisa ouvir. Não adianta só lamentar — tem que agir. O relatório deixa claro: são urgentes políticas específicas de proteção, campanhas de conscientização e, claro, punição efetiva para quem comete esses crimes.
Enquanto isso, a comunidade segue resistindo. Segue existindo, amando, lutando. Mas cansou de ser alvo. Cansou de enterrar seus jovens. O Piauí — e o Brasil todo — precisa acordar para essa realidade. Porque tolerância não é favor. É direito.