
O tempo pode passar, mas algumas feridas nunca fecham completamente. E a justiça, ainda que demore, insiste em bater à porta. Foi o que aconteceu nesta sexta-feira, quando uma mulher de 33 anos finalmente foi algemada pela polícia, mais de uma década depois de participar de um daqueles crimes que deixam qualquer pessoa com o estômago embrulhado.
Imagina só: estamos em 2014, em São Vicente, litoral paulista. Uma adolescente de apenas 17 anos é levada para um terreno baldio. O motivo? Uma suposta traição que, na cabeça dos agressores, justificava o injustificável.
O pesadelo que virou vídeo
O que se seguiu foi puro terror. A jovem foi espancada repetidamente, humilhada de todas as formas possíveis. E o pior: tudo foi registrado em vídeo, como se fosse um troféu macabro. As imagens mostram a mulher agora presa participando ativamente da agressão, sem qualquer sinal de piedade.
Parece coisa de filme, mas foi realidade crua para aquela adolescente. E sabe o que é mais revoltante? Os agressores postaram o vídeo nas redes sociais, como se estivessem orgulhosos do que haviam feito. A frieza é de deixar qualquer um pasmo.
Uma década de espera
Onze anos se passaram. Onze! Enquanto a vítima tentava reconstruir a vida, carregando traumas que provavelmente a acompanharão para sempre, uma das autoras seguia livre. Até que nesta sexta-feira, 11 de outubro de 2025, a Polícia Civil finalmente localizou a mulher em São Vicente.
A prisão foi decretada pela 2ª Vara do Júri da Comarca de Santos. O crime? Tortura, é claro. E cá entre nós, o termo parece até brando para descrever o que fizeram com aquela garota.
O delegado Marcelo Tadeu Campanerut, que comanda o DHPP de Santos, foi direto ao ponto: "As investigações apontaram a participação dela nas agressões". Simples assim, sem rodeios.
E os outros envolvidos?
Aqui vem uma informação que pode surpreender: essa não é a primeira prisão relacionada ao caso. Outras três pessoas já haviam sido responsabilizadas anteriormente. Dois homens e uma mulher, todos condenados pela Justiça.
Mas me pergunto: será que onze anos de liberdade não são tempo demais para quem comete um crime tão hediondo? A resposta parece óbvia, mas a justiça tem seus próprios ritmos, seus próprios tempos - que nem sempre coincidem com a nossa ânsia por ver os culpados pagando por seus atos.
A mulher presa agora foi levada para o Centro de Detenção Provisória de Praia Grande. Lá ficará à disposição da Justiça, aguardando o andamento do processo.
Reflexão necessária
Casos como esse nos fazem pensar sobre tantas coisas. Sobre a violência que parece estar banalizada em alguns ambientes. Sobre a crueldade humana, capaz de coisas terríveis. E sobre a lentidão da justiça, que muitas vezes deixa as vítimas e suas famílias num limbo angustiante.
Mas também nos fazem acreditar que, por mais que demore, o dia da prestação de contas chega. Pode levar uma década, pode levar mais - mas chega. E quando chega, traz um alívio amargo, misturado com a lembrança de toda a dor que poderia ter sido evitada.
Para a adolescente que sofreu essa tortura - hoje uma mulher de 28 anos - a prisão talvez traga algum fechamento. Mas as marcas, essas, duram a vida inteira. E nos lembram diariamente de que a violência, por mais que tardiamente punida, deixa cicatrizes que o tempo nunca apaga completamente.