
O silêncio naquela casa do bairro Asa Branca, em Boa Vista, foi quebrado por gritos e depois pelo choro de uma comunidade inteira. Na última terça-feira, o que começou como um dia comum terminou em pesadelo — uma criança de apenas quatro anos perdeu a vida de forma brutal, carbonizada dentro da própria residência.
Agora, a mãe do menino, uma mulher de 32 anos cujo nome não foi divulgado, está atrás das grades. A acusação? Abandono de incapaz. Parece até nome de filme, mas é a realidade cruel que a polícia de Roraima está investigando.
O que realmente aconteceu naquela tarde?
Segundo as primeiras informações — e aqui a coisa fica complicada — o incêndio começou por volta das 16h. Os bombeiros chegaram rápido, mas já era tarde demais. A criança estava sozinha. Sozinha, imagina só.
Testemunhas contam que a mãe havia saído para resolver «uns assuntos» e deixou o pequeno trancado em casa. O detalhe que corta o coração: ele completaria cinco anos em novembro.
A investigação não perdoa
O delegado responsável pelo caso foi direto ao ponto: «Não há justificativa para deixar uma criança dessa idade sozinha, principalmente considerando os riscos». A perícia já está trabalhando no local tentando descobrir a origem das chamas — se foi um curto-circuito, se foi uma vela, se foi algo mais.
Mas sabe como é, o fogo consome tudo, inclusive provas.
E a comunidade? Está em choque
Os vizinhos ainda não acreditam. «Ele era uma criança tão alegre», contou uma senhora que preferiu não se identificar. «Sempre via ele brincando no quintal. Agora só o silêncio.»
Outro morador foi mais contundente: «Todo mundo sabia que ela deixava o menino sozinho. Várias vezes. Mas ninguém imaginava que ia terminar assim.»
E aí você para e pensa: quantas vezes a gente vê coisas erradas e não faz nada? Difícil julgar, mas mais difícil ainda esquecer.
O que diz a lei
Abandono de incapaz não é brincadeira — o artigo 133 do Código Penal prevê pena de seis meses a três anos de detenção. Se resultar em lesão corporal grave, sobe para um a quatro anos. E se levar à morte? Aí a coisa fica preta — de quatro a doze anos.
A defesa da mulher ainda não se manifestou publicamente. Resta saber que argumentos poderiam justificar o injustificável.
Enquanto isso, no bairro Asa Branca, as flores já começam a aparecer em frente à casa carbonizada. E uma pergunta paira no ar, sem resposta: quantas crianças ainda estão sozinhas por aí, esperando que a sorte não vire contra elas?