Caso choca comunidade paranaense
O ex-vereador Hélio de Mello, de 55 anos, encontra-se preso desde 9 de outubro acusado de cometer crimes sexuais contra pelo menos 11 crianças e adolescentes em Irati, na região central do Paraná. As informações foram confirmadas pela Polícia Civil do Paraná (PC-PR).
O homem, que atuava como professor de educação física em uma escola estadual da zona rural e exerceu mandato como vereador por 20 anos consecutivos, deixou ambos os cargos entre agosto e setembro de 2025, quando as primeiras denúncias começaram a surgir.
Investigações detalhadas
De acordo com o delegado Gabriel Marinho, responsável pelo caso, mais de 60 alunos e ex-alunos foram ouvidos durante as investigações. Os depoimentos coletados indicam que os crimes teriam início em 2017, envolvendo vítimas com idades entre 11 e 17 anos.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) listou em sua denúncia 28 fatos relacionados aos crimes praticados. Entre as condutas identificadas pela polícia estão:
- Toques em partes íntimas de vítimas adolescentes
- Envios de fotos e vídeos com conteúdo explícito
- Pedidos de fotos e vídeos de nudez das vítimas
- Oferta de dinheiro ou outras vantagens em troca de conteúdo sexual
Em pelo menos uma das situações, um adolescente relatou que, após trocar conteúdos sexuais com o professor, houve relação sexual consumada.
Crimes imputados e envolvimento familiar
Hélio de Mello responde judicialmente por cinco tipos de crimes:
- Estupro de vulnerável
- Importunação sexual
- Assédio sexual majorado
- Favorecimento da prostituição ou exploração sexual de criança ou adolescente
- Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente
O caso ganhou contornos ainda mais complexos com a denúncia de uma das irmãs do acusado, que atuava como diretora na escola onde ele lecionava. Ela foi acusada pelos crimes de prevaricação e omissão em casos de assédio sexual e favorecimento de exploração sexual de adolescentes.
Segundo o MP-PR, a mulher teria tido conhecimento de alguns dos abusos cometidos pelo irmão e não teria adotado qualquer providência. Ela solicitou aposentadoria antes da determinação judicial, em julho, com efeito a partir de 1º de setembro de 2025.
Trajetória política interrompida
Hélio de Mello estava em seu sexto mandato consecutivo como vereador de Irati. Ele havia sido eleito pela primeira vez em 2005 e vinha sendo reeleito desde então. Em 2025, atuava como presidente da Câmara Municipal até pedir licença e, posteriormente, renunciar ao cargo.
Em 31 de agosto, a Justiça atendeu a pedido do MP-PR e determinou o afastamento do homem do cargo de professor, aplicando três medidas cautelares:
- Proibição de acesso ou frequência ao colégio onde os fatos ocorreram
- Proibição de manter contato com os alunos da instituição
- Suspensão do exercício da função pública de professor
No dia seguinte, foi cumprido mandado de busca e apreensão em sua residência. Horas depois, o vereador pediu licença remunerada por 90 dias, justificando necessidade de tratamento de saúde.
Diante da gravidade das acusações, três denúncias foram protocoladas no Legislativo visando a abertura de processo de cassação de seu mandato. Em 9 de setembro, porém, Hélio de Mello protocolou renúncia ao cargo.
Como as investigações começaram
As investigações tiveram início após uma denúncia anônima registrada pelo Disque 100. As diligências contaram com apoio do Conselho Tutelar, que realizou força-tarefa para escutas especializadas de adolescentes do colégio onde o investigado lecionava.
Além de depoimentos de adolescentes que presenciaram ou sofreram violência sexual, a polícia ouviu ex-alunos que atualmente são adultos e foram vítimas do professor, além de funcionários da escola.
O Portal da Transparência do Governo do Paraná aponta que Hélio de Mello era professor na rede estadual de ensino desde dezembro de 2003.
O advogado Ricardo Mathias Lamers, que defende Hélio, disse que em razão do sigilo do processo, não vai se manifestar sobre o caso. A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) destacou que o professor foi afastado das funções.
Como denunciar: Denúncias sobre crimes podem ser repassadas de forma anônima pelos telefones 197 (Polícia Civil) ou 181 (Disque-Denúncia). Em situações de perigo iminente, a Polícia Militar deve ser acionada pelo 190.