
Imagine acordar de madrugada, pegar sua mochila e se preparar para mais um dia de estudos. Agora, imagine que o seu maior desafio não será a prova de matemática, mas sim chegar vivo à escola. Essa é a realidade crua e nua que dezenas de estudantes enfrentam diariamente no Guará II, no Distrito Federal.
A escuridão é quase absoluta. O cenário, digno de um filme de terror — mas, infelizmente, é a pura verdade. Sem iluminação pública, o caminho que deveria ser de aprendizado se transforma numa rota de pesadelo, onde cada sombra esconde um perigo em potencial.
Um cenário de medo e abandono
“É um risco que a gente corre todo santo dia”, desabafa um adolescente, enquanto ajusta a mochila nas costas. A reportagem do DF no Ar foi até lá e constatou: a situação é tão grave que chega a ser difícil enxergar o próprio chão. Buracos, entulho, mato alto… tudo isso somado à escuridão total.
Os pais, esses heróis anônimos, vivem num estado de alerta constante. Muitos acompanham os filhos a pé, com lanternas na mão, como se fossem vigilantes noturnos — porque, no fundo, é isso o que se tornaram. “A gente tem medo de assalto, de atropelamento, de tudo”, confessa uma mãe, com a voz embargada pela preocupação.
O silêncio das autoridades
E o poder público? Bem… parece estar tão nas sombras quanto o próprio trajeto. A administração regional — que deveria garantir o básico — aletta que o problema é da Novacap, que por sua vez joga a responsabilidade para outro lado. Enquanto isso, as crianças seguem marchando na penumbra, como soldados numa guerra silenciosa pela educação.
Não é de hoje. São meses de reclamações, de pedidos de socorro ignorados, de promessas vazias. A comunidade cansou de esperar. “Ou resolve, ou a gente vai ter que fechar a rua”, ameaça um morador, já sem paciência.
A verdade é que essa história vai muito além de lâmpadas queimadas. Ela fala sobre o abandono de uma geração que tenta estudar, mas esbarra no descaso. Que tenta avançar, mas tropeça na escuridão de quem deveria clarear o caminho.
Enquanto a luz não vem, restam as lanternas — e a esperança de que, um dia, o perigo não faça mais parte da lição de casa.