
Era pra ter sido apenas mais uma noite normal. Uma família, dentro de seu carro, voltando para casa depois de um dia qualquer. Nada poderia prepará-los para o pesadelo que estava prestes a acontecer na região de Jardim Limoeiro, na Serra.
Por volta das 22h de domingo (25), o que deveria ser um trajeto silencioso se transformou em cena de horror. Dois indivíduos, em uma moto, abriram fogo contra o veículo. Eles acreditaram, de forma catastrófica, que estavam atacando integrantes de uma facção rival. Estavam redondamente enganados.
O alvo era inocente. Uma família comum, com uma criança no banco de trás.
O Menino Que Não Voltou para Casa
Kauã Peixoto Cutrim, apenas 11 anos, levou um tiro. O que se seguiu foi um frenesi de desespero. Seus pais, em pânico, correram para o Hospital Dório Silva com o menino ferido. A equipe médica lutou, fez o que pôde, mas as lesões eram gravíssimas. A vida de Kauã não pôde ser salva.
Imagina a cena? A dor que não cabe no peito. Deixar para trás, naquela rua escura, não apenas um carro atingido, mas a normalidade de uma vida inteira. Tudo destruído por um erro grotesco, uma violência cega e estúpida.
O Que a Polícia Sabe (e o Que Não Sabe)
A Delegacia de Homicídios da Serra assumiu o caso e corre atrás de pistas. Eles trabalham com a forte possibilidade de que os atiradores sejam ligados ao tráfico. O motivo? A tal "confusão" com um carro de adversários.
Não é a primeira vez que isso acontece, e essa é a parte mais revoltante. A violência das facções está tão banalizada, tão fora de controle, que civis viram alvo constante nessa guerra insana. A população, refém de um conflito que não é seu.
Até agora, ninguém foi preso. A perícia no local foi realizada, mas os criminosos sumiram na escuridão da noite. A sensação que fica é de uma injustiça tremenda, daquelas que doem na alma.
Um Luto que Não Termina
Enquanto isso, uma família está despedaçada. Parentes e amigos se reúnem num velório cheio de lágrimas e perguntas sem resposta. Como explicar que uma criança perdeu a vida por causa de um equívoco? Como seguir em frente depois de uma tragédia dessas?
A violência no Espírito Santo, especialmente na Grande Vitória, precisa de um freio. Urgentemente. Casos como o de Kauã não podem se repetir. É um grito de socorro que vem das ruas, um lamento que ecoa em toda a comunidade. Resta saber quem vai ouvir.